A banda de rock Rooster causou frisson em Londres, na semana passada. Nada a ver com a qualidade de seu som ou o entusiasmo dos quase mil fãs que foram à loucura nos 45 minutos de show. O que tornou o grupo britânico comentado na Europa foi a forma de atingir o público, através do telefone celular. O Rooster foi o primeiro grupo a fazer um show virtual ao vivo, transmitido só para celulares.
Para assistir ao evento, cada pessoa desembolsou cinco libras (cerca de R$ 26). A iniciativa aponta um caminho sem volta na telefonia móvel. Mais do  que fazer e receber ligações, esses celulares são o novo canal de convergência entre os mais variados meios de comunicação. O concerto virtual só foi possível em Londres porque na Europa, assim como nos EUA e no Japão, já está em uso a tecnologia de terceira geração da telefonia (3G), que basicamente permite a transmissão de dados de som e imagem em altíssima velocidade.

No Brasil, onde já existem 58 milhões de aparelhos, ou seja, alcança um terço  da população, a terceira geração ainda não chegou. Falta uma definição da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) quanto à frequência a ser usada pelas operadoras. Apesar disso, já estamos quase lá devido ao uso de tecnologias como EDGE e EV-DO, uma espécie de banda larga do GSM e do CDMA – as tecnologias de comunicação das operadoras brasileiras –, que aumentam em  quase dez vezes a velocidade de transmissão de dados. É o suficiente para  permitir o uso de serviços dignos da terceira geração. Tanto que acaba de  chegar ao mercado nacional a televisão pelo telefone celular. As operadoras  Tim e Vivo, em parceria com as fabricantes Nokia e Kyocera, respectivamente, firmaram um acordo com a Rede Bandeirantes para transmitir em tempo real a programação da emissora nas telinhas.

Os clientes da Tim que tenham os aparelhos Nokia 6600 e Nokia 3650 podem  ainda acessar, via TVA, os programas BandSport, BandNews e outros cinco canais pagos. O serviço da Vivo está disponível, a princípio, para quem tiver o aparelho Kyocera Slider. Em ambos os casos, pode-se assistir à tevê de qualquer lugar, pois a transmissão funciona em todo o País, desde que haja cobertura da operadora. “Esse é o caminho natural da telefonia porque a qualidade atual de transmissão de som e imagem já é muito boa”, diz Ricardo Barbara, gerente de produto da Motorola.

Com a chegada da 3G, espera-se que, entre outras coisas, seja possível realizar videoconferências entre várias pessoas. Além das características já consideradas básicas num aparelho, como enviar mensagens de texto, tirar fotos e ter campainhas polifônicas, os novos celulares são capazes de filmar e reproduzir vídeos, tocar músicas digitais, enviar mensagens com fotos e vídeos para outros celulares
ou e-mails. Como se não bastasse, esses modelos ainda contam com bússola e GPS (sistema de rastreamento via satélite) para localizar pessoas e lugares. Basta dar as coordenadas e o endereço de onde se quer ir para que o visor do aparelho mostre o mapa e o melhor caminho a seguir.

As empresas apostam na versatilidade dos clientes e por isso lançam de uma só vez mais de dez aparelhos. É o caso da Motorola, que apresentou 13 modelos na Futurecom, feira de telecomunicações realizada em Florianópolis, SC, em outubro. Alguns aparelhos têm previsão de entrar no mercado a tempo das compras de Natal. O mais esperado é o Moto Razr V3, eleito pela empresa o mais fino do mundo no formato concha. Apesar do tamanho reduzido, ele tem câmera digital, reproduz vídeos, envia e recebe mensagens com fotos, som, textos e ainda salva como toque de campainha as músicas baixadas em mp3. Como opção para o Papai Noel há ainda o modelo S700 da Sony Ericsson, que aposta num novo conceito, em que a câmera fotográfica tem função de telefone. As fotos são feitas na posição horizontal, como numa máquina comum.

Os fabricantes apostam ainda numa função que facilita a vida de quem usa o celular para trabalho, ou mesmo para quem tem aquele grupo de amigos inseparáveis. O Push to Talk over Celular (Poc) é um recurso que permite falar com uma ou várias pessoas ao mesmo tempo, apertando apenas um botão. Funciona como o bom e velho walkie-talkie, desde que todos os envolvidos tenham um aparelho compatível. Assim, com uma mensagem instantânea, o aparelho “avisa” se alguém do grupo está com o celular ligado. É o caso do SK65 da Siemens e do Nokia 5140, que ainda traz bússola, lanterna e GPS, ideal para quem pratica esportes ou gosta de aventuras ao ar livre. Com tantos recursos, fica difícil imaginar o que mais os engenheiros vão inventar para os pequenos e indispensáveis celulares.