A americana Nike e a alemã Adidas, duas das maiores empresas de materiais esportivos do mundo, podem ser consideradas exemplo de sucesso empresarial na recente globalização do esporte. Com faturamento na casa dos US$ 10 bilhões anuais, a força das duas gigantes se deve em boa parte aos investimentos em novas tecnologias e à associação das marcas a atletas reconhecidos em todo o planeta. Com um time de estrelas, tecnologia de ponta e verba milionária para gastar em campanhas globais de marketing, Nike e Adidas invadiram mercados e conquistaram consumidores de todas as classes sociais.  Jogar contra esses dois adversários não tem sido fácil para as chamadas fabricantes locais, como Topper, Rainha (as duas marcas da São Paulo Alpargatas) e Penalty (da Cambuci) e até para outras grifes mundiais, como a anglo-americana Reebok (licenciada pela Vulcabras no País). Mas as marca tupiniquins estão dispostas a equilibrar essa partida. Para isso, investem no desenvolvimento de tecnologias próprias e pretendem alocar uma dinheirama em marketing e propaganda.

A Alpargatas foi para o ataque e promete ganhar participação dentro de casa e aumentar suas vendas nos campos dos adversários (Europa, Estados Unidos e Ásia). A idéia é reduzir os espaços e apertar as multinacionais com produtos desenvolvidos com a tecnologia antiimpacto Daynatech, no caso da marca Topper, e com System 3000 da Rainha, que pode ser ajustado com uma pequena chave de acordo com a planta do pé – uma tecnologia que custou 18 meses e R$ 2 milhões. As novidades já estão em vários comerciais na tevê e, a partir de 2005, novos modelos chegarão para bombardear os consumidores nos intervalos dos jogos de futebol. Para o mercado externo, a meta da Alpargatas é mais ambiciosa: só com a marca Topper, a empresa quer faturar o mesmo que vende aqui. “Somos vinculados ao futebol e a ‘grife Brasil’ é bem aceita na moda mundial”, argumenta Marcelo Ciarelli, responsável pelo marketing da empresa.

Mais focada no mercado brasileiro, a Vulcabras, responsável pelos produtos da Reebok no País, aposta suas fichas na apresentadora Daniella Cicarelli, noiva do craque Ronaldo (que é patrocinado pela rival Nike). Além dos produtos importados, a companhia conta com o lançamento da linha Gride Extreme, desenvolvida pela Reebok internacional, que só será produzida na fábrica brasileira da Vulcabras. Focada na linha de produtos para esportes coletivos, a Penalty também teve que se adaptar aos novos tempos e se moldar às exigências do mercado e dos consumidores. Responsável pela introdução da logomarca nos uniformes de clubes, a empresa desenvolveu três tecnologias antiimpacto para tênis e chuteiras que deram leveza, flexibilidade e beleza aos calçados.

Enquanto as empresas locais lutam para se enquadrar às exigências de um mercado cada vez mais voltado para a tecnologia, Nike e Adidas esnobam com produtos ainda mais modernos. “Além do ganho de performance, o consumidor quer beleza”, diz Luciano Kleiman, gerente de marketing da subsidiária brasileira da Adidas. E beleza é o que não falta ao One, o primeiro tênis inteligente do mundo que chega em dezembro na Europa e nos Estados Unidos e, no início do próximo ano, no Brasil. Com processador, motor, bateria e um sistema de sensores magnéticos, o calçado monitora e regula automaticamente o impacto das pisadas recebido pelo usuário. Resumindo: um programa que roda em um chip que processa até cinco milhões de cálculos por segundo compara as mensagens de compressão recebidas e entende se o amortecimento está no nível correto. Se não estiver, ele corrige. Simples. A Nike também não deixou por menos. O Shox chega ao Brasil no início de 2005. É um tênis para corrida que se encaixa no pé como uma meia. A tecnologia mistura um tecido leve e flexível e tem o objetivo de dar ao usuário a sensação de estar correndo descalço.


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