Quem tem pressa come cru, diz o ditado. E, na quinta-feira 4, a Polícia Federal – que tem preferido trabalhar em silêncio em vez de fazer alarde antes do tempo – comprovou a tese. Durante operação realizada em três Estados – Minas Gerais, Pará e Amapá – e no Distrito Federal, 160 federais, munidos de 30 mandados de prisão, prenderam uma penca de políticos, empresários e servidores públicos, numa investigação que durou dois anos. Os ilustres em questão são acusados de fraudar licitações no Amapá, desviar verbas federais e alterar dados da Receita Federal.

De acordo com a PF, pelo menos 17 obras, que custaram R$ 130 milhões, teriam sido fraudadas naquele Estado. As irregularidades acontereceriam por meio da Comissão Permanente de Licitação, que direcionava a execução das obras para empresas que faziam parte do esquema. O primeiro a ser preso, em Belém (PA), pela Operação Pororoca foi o empresário Fernando Flexa Ribeiro. Além de dono da Construtora Engeplan, ele é suplente do atual senador e prefeito eleito de Belém, Ducimar Costa (PTB). Com a posse do prefeito, Flexa Ribeiro (PSDB) deveria assumir o mandato em 1º de janeiro. O empresário Eduardo Boullosa, sócio da construtora Habitare, também foi preso em Belém.

Em Macapá, mais dois. O ex-senador e candidato derrotado à prefeitura da capital, Sebastião Rocha, do PDT, e o empresário Luís Eduardo Pinheiro Correa, um dos donos da construtora Método Norte Engenharia. Segundo a polícia, Rocha e Correa seriam os principais responsáveis pelas fraudes e a Método Norte a maior beneficiária dos recursos desviados. O ex-senador saiu de casa algemado e quando questionado sobre as acusações disse que não sabia de nada. “Desvio de verba do quê? Onde?  Não sei do que que é.” Mas segundo a polícia a história é outra. “Contra eles pesam os crimes de corrupção, formação de quadrilha, tráfico de influência, peculato, usurpação de função pública, desvio de verbas e inserção de dados
falsos em sistemas de informações”, afirmou o delegado Tardelli Boaventura, comandante da operação.