A corregedoria da Câmara dos Deputados vai investigar o envolvimento do deputado Luiz Antônio de Medeiros (PL-SP) na prática de extorsão em resposta à denúncia publicada por ISTOÉ em sua edição 1830. O corregedor, deputado Luiz Piauhylino (sem partido-PE), recebeu do presidente da Câmara, João Paulo Cunha, a determinação de ouvir Medeiros e o autor da denúncia, o atravessador de solvente Glauco Lepiane de Oliveira. “Todas as denúncias que tiverem fonte conhecida serão apuradas com rigor. Estou certo de que o plenário não será complacente com os envolvidos”, afirma João Paulo. O atravessador relata que em fevereiro de 2004, durante uma reunião na Polícia Civil de São Paulo, ouviu de Antônio Fernando de Miranda, à época assessor de Medeiros na presidência da CPI da Pirataria, que o deputado teria tomado R$ 3 milhões para “aliviar” o empresário do setor de combustíveis Dirceu de Oliveira, conhecido como Major. Glauco explica que procurou a polícia para formalizar uma denúncia sobre a atuação da máfia dos combustíveis em Paulínia, onde operava. Mas, segundo ele, em vez de investigar, os agentes o colocaram em contato com o assessor de Medeiros.

O ex-vendedor de solventes declara ter acompanhado Antônio Fernando durante três meses, orientando-o em um levantamento sobre empresários que adulteravam combustíveis. “Fernando montava dossiês, grampeava, filmava e fotografava para extorquir empresários em nome de Medeiros para eles não irem para o relatório da CPI”, afirma Glauco. Assim como Medeiros, o empresário Dirceu nega as acusações: “Em relação às pessoas citadas (Glauco, Medeiros e Antônio Fernando), venho asseverar que não as conheço, jamais as conheci e, portanto, jamais mantive qualquer tipo de relação com elas”, afirma o Major em carta encaminhada a ISTOÉ. Além de se explicar na corregedoria da Câmara, Medeiros enfrenta outra dor de cabeça. Voltou a andar o inquérito 1485 do Supremo Tribunal Federal, que apura a participação do deputado no crime de remessa ilegal de recursos ao Exterior. O inquérito apura a denúncia na qual Medeiros é acusado de mandar para uma conta no Commercial Bank de Nova York dinheiro desviado do Instituto Brasileiros de Estudos Sindicais (Ibes), presidido por ele entre 1990 e 1991. O inquérito acabou de ser enriquecido com novas informações a respeito da conta no Exterior que teria sido usada pelo deputado. Ele não será investigado pela acusação de apropriação indébita dos fundos do instituto. O crime está prescrito, ao contrário das denúncias de remessas ilegais.

André Luís – A comissão de sindicância encarregada de examinar o caso do deputado André Luís (PMDB-RJ), denunciado por tentar extorquir R$ 4 milhões de Carlinhos Cachoeira, já trabalha sobre o grampo do bicheiro. Mas, se quiser aprofundar as investigações, encontrará farto material nos seus requerimentos. Foram 62 pedidos de convite ou convocação de empresários para “explicar” suas ações nos últimos dois anos. O curioso é que, em vários casos, o deputado criava problemas em dobradinha: pedidos idênticos em duas comissões diferentes praticamente ao mesmo tempo. Em outros, desistia das convocações misteriosamente.


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