Todas as semanas, a história se repete nos conhecidos clubinhos de rock alternativo da capital paulista. Tanto do lado de dentro quanto de fora, o que se vê é a mesma situação: jovens aguardando até uma hora em filas disputadíssimas ou se espremendo diante de um palco minúsculo. Tamanho esforço é endereçado a nomes completamente desconhecidos do grande público. A condição underground de bandas como The Butcher Orchestra, Cansei de Ser Sexy e Daniel Belleza e Os Corações em Fúria parece, contudo, estar com os dias contados. Reunindo os principais grupos da chamada cena indie paulistana, O CD São Paulo independente flagra o momento efervescente do novo rock, que não chega a ser um movimento, mas já definiu um estilo.

Longe do catálogo das combalidas majors da indústria fonográfica, as bandas underground seguem a mesma estratégia das similares dos anos 1980,
como Os Titãs e Ultraje a Rigor. Responsável pela seleção de repertório, o cantor e radialista Kid Vinil prefere, contudo, não comparar essa nova safra de bandas independentes paulistanas com os grupos que há 20 anos saíram dos porões e conquistaram a juventude. “A geração anterior era mais pretensiosa. Além de adotarem uma postura alternativa, os grupos atuais cantam em inglês. Querem apenas fazer seu som à sua maneira.”

Ao todo, são 25 bandas. Várias delas trazem vocais femininos, caso das seis garotas do Cansei de Ser Sexy. Com seu irreverente electro rock, elas mostram na faixa Art bitch por que foram uma das atrações do Tim Festival 2004, acontecido em São Paulo na semana passada. A maior referência do álbum, no entanto, é o trio The Butcher Orchestra, que despeja um rock and roll de primeira em Blue moon. Na linha glam, Daniel Belleza e Os Corações em Fúria não fazem feio na faixa Do amor à morte. O caldeirão hard core dominante só baixa a temperatura com o trio Crazy Legs, que surpreende com o delicioso rockabilly de Eddie Cochran.


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