Giuseppe Padovani (Anthony Quinn) é um imigrante italiano de 93 anos que mora em Curitiba desde jovem. Preso a uma cadeira de rodas, vive de lembranças sob o olhar complacente da enfermeira Matilde (Marly Bueno) e do Dr. Enzo (Paulo Autran), médico da família. Nada o motiva, nem mesmo os problemas enfrentados pelo filho Renato (Paulo Betti) e os filhos deste, Stephano (Tiago Real) e Patty (Gabriela Duarte). A chegada de uma prima distante, Sofia D’Angelo, sósia de sua mulher, Caterina (ambas representadas por Leticia Spiller), há muito falecida, faz com que o ancião mergulhe em um estado de delírio. A perturbação, contudo, traz-lhe a paz e a felicidade que parecia ter perdido.

Pontuado pelos devaneios do patriarca e pela impotência de seu filho, o filme já vale pelo encontro de dois monstros sagrados, Autran e Quinn. Este, em uma de suas derradeiras aparições, incluiu no elenco os filhos Lorenzo, que faz Padovani jovem, e Nicholas, na época com apenas três anos. O longa-metragem de estréia do diretor Ricardo Bravo, que tem roteiro de Marcos Bernstein, de Central do Brasil e Terra estrangeira, é uma espécie de vingança pessoal. Durante anos, Bravo sonhou levar às telas Ardente paciência, livro de Antonio Skármeta, com Quinn no papel principal. A história acabaria conquistando o mundo estrelada por Philippe Noiret, dirigida por Michael Radford e com um novo nome: O carteiro e o poeta.


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