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Você deve saber que Obama determinou o fim das operações bélicas no Iraque no dia 31 de agosto. Talvez saiba que mais de 100 mil civis já morreram nesta guerra. É possível que tenha visto as revelações recentes via internet das atrocidades cometidas pelo Exército americano no Afeganistão. Mas você sabia que um dos mais respeitados fotógrafos de guerra do mundo é um ex-confeiteiro brasileiro?
“O nome dele é Maurício Lima. Ele é o único fotógrafo de guerra do Brasil desde a Independência. Outros estiveram lá, mas não voltaram por diversos motivos, como falta de investimento, excesso de risco ou porque viraram dono de bar…

O Maurício se dedicou, encontrou o formato e é o grande profissional dessa área específica. O olho dele é muito bom. Premiado e meio herói entre os colegas da agência em Paris.

Ele vive em São Paulo. Já esteve em Gaza a trabalho e em férias, no Iraque diversas vezes e acabou de chegar do Afeganistão.
Quando pegaram o Saddam, ele foi um dos primeiros a chegar ao esconderijo, sempre embutido nas tropas aliadas, o que facilita o acesso e dá alguma segurança.”

Quem descreve o fotógrafo é Fernando Costa Netto. Com algumas guerras em seu cinturão como fotógrafo e repórter, em lugares como Bósnia, Palestina e El Salvador, tem as credenciais para falar sobre um profissional brasileiro que desenvolveu um saber reservado a poucos. Renata Leão detalhou a ficha da fera:
As fotos no Iraque renderam capas de jornais como o “N. Y. Times”, “Le Monde” e “Guardian” e páginas de revistas como “Newsweek”, “Der Spiegel” e “Paris Match”.

Filho da classe média baixa, Lima cresceu acostumado a ralar. Para ajudar a pagar a PUC, encadernou bíblias e vendeu sanduíches naturais. Em 97, ainda na faculdade e desempregado, se interessou por programas de gastronomia que via à tarde na tevê. Seu preferido era o de Silvio Lancellotti na TV Gazeta. Passou a frequentar workshops. Num deles, conheceu Luciano Boseggia, então chef do Fasano. Conseguiu estágio na confeitaria do estrelado restaurante e, durante seis meses, foi assistente do confeiteiro. Gostava da vida entre panelas, mas abandonou o trabalho na cozinha porque precisava de um salário fixo. Resolveu apostar na fotografia. Com as noções básicas que aprendeu na faculdade, montou um portfólio e conseguiu um estágio no “Lance!”. Depois de um ano e meio clicando esporte, recebeu um convite da Agence France-Presse.
Tratou de afiar o inglês, mergulhou no cargo e está lá até hoje. Na batalha.