Dono de uma bela casa de subúrbio em Chigaco, o advogado John Clark (Richard Gere) é daquelas pessoas que preferem deixar o utilitário 4 X 4 na garagem e ir para a cidade de trem. Na volta, sempre vê a distância uma linda mulher na janela de uma escola de dança meio decadente. Trata-se de Paulina (Jennifer Lopez), que usa o artifício de esconder a sensualidade sob a aura triste da seriedade. A vida de Clark com a esposa Beverly (Susan Sarandon) e os dois filhos não poderia ser mais confortável. Mas ele quer mais: quem sabe até ter aulas de dança de salão? Apesar de ser a refilmagem de um filme japonês, Dança comigo (Shall we dance, Estados Unidos, 2004), que estréia no País na sexta-feira 26, lembra mais a obra homônima de 1937, com Fred Astaire e Ginger Rogers, pela elegância dos protagonistas. Ou o australiano Vem dançar comigo, de Baz Luhrmann, pelo lado mais extravagante.

Com direção do inglês Peter Chelsom, a nova versão esbarra contudo na questão cultural. Personagens como Link Peterson (Stanley Tucci), executivo que adora dançar rumba de peruca e dentadura, ou Bobbie (Lisa Ann Walter), verdadeiro clone de Bette Midler, soam menos amalucados dentro do individualimo ianque. Sem contar que Susan Sarandon jamais poderia passar por uma esposa resignada ou mesmo uma gueixa. Na galeria de tipos, um gigante negro, um homofóbico e a dona da escola que bebe escondido contribuem para o lado simpático do filme.