Sob a intervenção do Banco Central, desde a noite da sexta-feira 12, o Banco Santos, junto com seu interventor, procura um comprador. Uma sucessão de fatores, que vão desde a baixa capitalização e irregularidades administrativas, passando pelas elevadas taxas para captação de recursos, até a crescente inadimplência, levou o banco de Edemar Cid Ferreira à lona. Com um rombo de R$ 700 milhões e suspeitas de maquiagem nos balanços, a instituição sai de cena justamente no momento em que se preparava para entrar no varejo. Desde abril, o banco vinha montando uma megaoperação de marketing para atrair correntistas com renda mensal acima de R$ 4 mil. A demora em implantar a estratégia e os gastos – estimados em R$ 250 milhões – também é apontada como uma das razões para a intervenção.

No mercado financeiro, há pelo menos seis meses há rumores de que a saúde financeira do banco vinha se deteriorando. O próprio BC vinha fazendo uma fiscalização ostensiva, fato que, de certa forma, alimentava a boataria. A preocupação dos técnicos do BC era com o baixo volume das provisões de empréstimos considerados difíceis de receber. “Eram provisões inadequadas para o nível de risco e quantidade de crédito que eles estavam concedendo”, disse o professor Alberto Borges Matias, da ABM Consulting. Desde o início deste mês, operadores e especialistas do mercado davam como certa a intervenção, o que causou uma pequena corrida de clientes para sacar recursos. Pelos cálculos do banco, os saques totalizaram R$ 700 milhões na semana anterior à chegada do interventor nomeado, Vânio César Aguiar. O senador José Sarney (PMDB-AP) foi um dos que não esperaram para confirmar os boatos e sacou o dinheiro que tinha conseguido com a venda de uma fazenda. Amigo de longa data de Edemar, ele foi alertado pelo seu assessor de imprensa, Fernando César Mesquita, que soube da situação ruim do banco por um amigo.

O banqueiro Edemar Ferreira é conhecido pelos exageros. A construção de sua mansão, com vista para a sede do banco, consumiu cerca de R$ 85 milhões, mas é administrada por uma pessoa jurídica. Ele também é acusado por clientes de pedir uma parte dos recursos repassados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para aplicar em papéis de empresas instaladas fora do País (as chamadas offshore). Para os clientes que ficaram fora dos saques, resta torcer para que o banco seja comprado por outra instituição financeira. Esse é o plano de Edemar, que planeja restituir a todos o que deve. Até lá, terão que se contentar com R$ 20 mil. O mesmo vale para empresas públicas, prefeituras e fundos de pensão que investiram seus recursos na instituição.