Passado o furacão das eleições municipais, o presidente Lula, na quinta-feira 18, disparou a sua reforma ministerial. O deslocamento de Guido Mantega, do Ministério do Planejamento para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é o primeiro movimento para acalmar as relações internas do governo e vai também agilizar a liberação de preciosa verba para implementar o desenvolvimento sustentado. Mantega tem como tarefa para 2005 liberar cerca de R$ 60,8 bilhões. Carlos Lessa, o presidente que sai, é um brasileiro de currículo e caráter exemplares. Completamente desprovido de  papas na língua, seus ruidosos descontentamento e impaciência com os caminhos da política econômica colocavam-no – na opinião de alto executivo do governo tão desenvolvimentista quanto Lessa – como um elefante manobrando dentro de uma loja de cristais.

O ministro Guido Mantega é da chamada cota pessoal do presidente Lula  e transita com elegância pelos ministérios, apesar da penosa função de
piloto de facão e tesoura que exerceu até agora. Suas eventuais e naturais divergências com seus pares, como Palocci e Furlan, sempre foram e deverão continuar a ser resolvidas de maneira operacional e civilizada. E, a propósito, ele é um desenvolvimentista histórico.