i57685.jpgDepois de passar boa parte da vida de festa em festa, gastando com roupas, cosméticos e viagens, a publicitária Cleufa Conde, 50 anos, achou motivos para uma mudança radical no estilo de vida. A chegada da maturidade fez a mulher independente, estilo “eu dou conta de tudo”, sentir que precisava se entender melhor. Solteira, foi atrás de livros. Sei que vou sair dessa, Não discuta a relação, Mulheres ousadas chegam mais longe, Mulheres inteligentes, escolhas insensatas são alguns entre muitos que ela já leu. “Estou tentando trabalhar o meu lado feminino”, explica a publicitária.

Em pessoas com o perfil de Cleufa, o ramo de autoajuda encontrou um terreno fértil. Mais da metade dos leitores do País (55%) é de mulheres, e 15% delas se declaram fiéis ao gênero. Entre os 40 e 49 anos, o número de leitoras salta para 23%, segundo dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, publicada este ano pelo Instituto Pró-Livro. Os temas para esse público são variados, de turbinar a carreira a arrumar marido, passando por finanças pessoais para mulheres, comportamento sexual, bem-estar e auto-estima. Entre o joio e o trigo misturados nos lançamentos do setor, sobra espaço para compêndios de obviedades ou dicas duvidosas sobre qual é o caminho certeiro para levar um homem ao altar.

Apesar de boa parte dos conselhos apenas embalar as relações amorosas em senso comum, Steven Carter, autor dos best-sellers Homens gostam de mulheres que gostam de si mesmas e O que toda mulher inteligente deve saber, afirma que os exemplos dos livros “ressoam profundamente para o leitor” porque são reais, baseados em centenas de entrevistas. Os livros de Carter, que esteve na 20ª Bienal Internacional de São Paulo, venderam 350 mil cópias no Brasil e são presença freqüente nas listas de mais vendidos. Perto das receitas e fórmulas contidas em outros títulos desse segmento, os textos de Carter pegam leve com a leitora, focando no que ele chama de “hábitos relacionais saudáveis”. “Claro que cada pessoa é única e diferente. Mas muitas das nossas necessidades básicas são as mesmas”, diz ele.

As fórmulas genéricas da auto-ajuda são mais um aspecto das transições nos modelos de relacionamento. “Até 1950, os parâmetros sociais eram muito claros, mas foram caindo por terra e obrigando as pes-soas a se reinventar”, diz o psicólogo Luiz Alberto Hanns. Isso pôs abaixo as respostas de como deveria ser um namoro ou um casamento. “Pessoas que têm dificuldades porque precisam de ajustes podem achar essas idéias e dicas úteis”, afirma o psicólogo. “Dependendo do nível intelectual da freguesa, eles podem ajudar. Tem mulher – como também homens – que vive tão perdida, que algo assim até pode valer”, diz a filósofa Marcia Tiburi.

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