Parece coisa de cinema de tão miraculosa que é. Ou melhor, desliguem-se os projetores tradicionais: de tão miraculoso que é, é melhor que cinema. Trata-se do cinema digital, uma tecnologia que está barateando extremamente a transmissão de filmes e que já ajuda a multiplicar o modesto número de salas de projeção que atualmente há no Brasil (cerca de 1,7 mil). O mais maravilhoso dessa oitava maravilha do mundo é que é justamente no Brasil que existe uma das mais sofisticadas centrais capazes de dar o play para que uma ou inúmeras salas recebam simultaneamente e de forma digital as imagens de um filme. O nome da empresa é Rain Network, capitaneada pelos paulistas Fábio Lima e José Eduardo Ferrão. Eles criaram a empresa em São Paulo em abril e agora, sete meses depois, já controlam 77 salas cinematográficas em cinco capitais brasileiras. “Percebemos que a digitalização era a solução para o problema da caríssima distribuição de filmes no País”, disse Fábio a ISTOÉ. O sistema é mais barato porque o conteúdo digital substitui a película, aqueles tradicionais rolos de filme em que cada cópia custa US$ 1,5 mil – e que se tornam verdadeiras malas sem alça ao serem fisicamente transportados para cada cinema e viram pesados elefantes brancos assim que o filme sai de cartaz. No sistema digital aperta-se o play na sede da Rain Network em São Paulo e o filme começa a ser exibido em tempo real em qualquer cidade do País. “A meta é expandir essa tecnologia para o interior e criar novas salas”, disse a ISTOÉ Silvia Berger, gerente de marketing da empresa. A prova maior de que o cinema digital chegou para ficar em cena veio agora do BNDES. Ele acaba de abrir uma inédita linha de crédito de R$ 1 milhão para compra e importação de equipamentos de projeção digital (cerca de US$ 40 mil cada um). “É um esforço extraordinário para promover a cultura cinematográfica no Brasil”, avaliza o ministro da Cultura, Gilberto Gil.