Controle de volume digital opcional, excelente qualidade sonora, redução de ruídos, entrada de áudio para equipamentos de FM e tevê e microfone multidirecional. Parece descrição das funções de um novo microsystem, mas não é. Trata-se das opções oferecidas por novíssimas próteses auditivas. Na verdade, elas estão tão sofisticadas que começam a ser chamadas de “computadores de ouvido”. Se antes eram vistas com preconceito, por serem grandes, tipo retroauriculares (localizados atrás da orelha), hoje a história é outra. Os novos exemplares são intra-aurais (ocupam a área da concha do ouvido), pequenos e praticamente imperceptíveis. Oferecem conforto, diversos tipos de programação e, principalmente, trazem à tona sons antes inaudíveis para muita gente, como o barulho de um ventilador em funcionamento. A sofisticação dos equipamentos responde à demanda crescente por este tipo de aparelho. “Até dois anos atrás, o uso de próteses era menor pelo alto custo, mas desde o início do ano, quando o SUS passou a oferecê-las gratuitamente, o total de usuários aumentou dez vezes’’, afirma Richard Voegels, diretor da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia. A exposição a ruídos intensos, como o barulho de festas com músicas em alto volume, também colabora para o aumento da necessidade de uso das próteses. “Geralmente os frequentadores das baladas ouvem um zumbido ao sair da festa. Isso significa uma lesão auditiva que pode ser temporária ou permanente”, explica Voegels. Há ainda o envelhecimento da população, outro fator relevante. Com o passar do tempo, os idosos apresentam diminuição da eficiência do sistema auditivo. Pelos cálculos do otorrinolaringologista, em geral as próteses são indicadas para jovens e idosos que apresentem cerca de 30% de perda auditiva. Hoje, no entanto, é muito menos constrangedor usar um aparelho. Além da alta tecnologia que traz a satisfação de ouvir detalhadamente cada som, o design discreto se traduz na melhor aceitação social. Os novos modelos têm tecnologia digital e podem ser programados para atender às necessidades individuais dos deficientes auditivos, como ouvir música ou ajustar o volume para distinguir o som da fala humana. Tal eficiência é colocada à prova pelo paulistano Tiago Marques, sete anos, portador de uma deficiência considerada moderada. “Ele melhorou muito o rendimento na escola. Antes, por não ouvir direito, ele se isolava das outras crianças. Comprei um aparelho digital e sei o quanto foi bom para o Tiago”, conta Beatriz, mãe do menino. Ela adquiriu para o filho o top de linha Senso Diva, da Widex, que tem até programação para ouvir música clássica e sai por R$ 7,5 mil. Sem som: uma pessoa com 30% de perda auditiva sente dificuldade em distinguir o som da fala humana. Num jantar com cinco pessoas, por exemplo, os demais ruídos dificultam ouvir o que a pessoa ao lado está dizendo