Nova Odessa é uma pequena cidade do interior paulista. De duas, uma: ou o seu coordenador de ensino, Assis Grillo, está pirando, ou as suas escolas não têm salas de aula com espaço suficiente para abrigar sequer um anão. Explica-se: na sexta-feira 12 o aluno M.C., sete anos, teria sido colocado pela professora de castigo atrás da porta da classe porque esquecera de devolver um livro à biblioteca. Na quinta-feira 18, Grillo disse a ISTOÉ que “atrás da porta da sala não há espaço para uma criança ficar em pé”. Como M.C. não é um gigante de sete anos, fica a dúvida entre o piro de Grillo ou a arquitetura da escola Salime Abdo.

O nome da professora que castigara o menino até agora não foi revelado, ela nega o castigo, mas foi afastada e uma sindicância instaurada. A professora teria mandado o menino ficar de castigo às três horas da tarde e assim permanecer até que ela relaxasse a punição. A aula acabou e a professora esqueceu-se dele. A sua mãe, Maria Luzineide da Silva, estranhou que o filho não retornasse na hora certa e foi procurá-lo. Ela diz que eram sete da noite quando o encontrou, vomitado e nervoso, atrás da porta – e isso cerca de uma hora depois que a escola havia fechado. A mãe deu queixa à polícia e foi a programas sensacionalistas de tevê. A pequenina Nova Odessa se dividiu: outras mães se voltaram contra ela achando que estava havendo uma exploração exagerada do fato. De outro fato a cidade não se deu conta: não se trata de discutir a forma do castigo, mas o castigo em si: “Não há justificativa para se apelar a castigos, forma tão arcaica de educação”, disse a ISTOÉ Lino de Macedo, professor titular de psicologia da USP.