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COLUNAS E CAPITÉIS A arquitetura reinventada por Nino Cais

 

 

Programa de mapeamento e fomento da produção artística brasileira, com cobertura de todo o território nacional, o Rumos Artes Visuais é referência obrigatória para a identificação dos novos talentos e das diversas tendências da arte contemporânea. Após um ano de pesquisas, envolvendo 13 profissionais de diversos Estados, que trabalharam em colaboração com o curador-geral Paulo Sérgio Duarte, o programa chega à sua quarta edição, apresentando no Itaú Cultural 72 obras de 45 artistas de 11 Estados.

A exposição produz um retrato do momento atual. De acordo com essa instantânea, o jovem artista brasileiro faz do perímetro das cidades a sua temática e o seu campo de trabalho. Nessa arte de contornos urbanos, é possível detectar, por exemplo, aqueles que trabalham sobre a recriação e a reconfiguração de espaços arquitetônicos, domésticos e sociais. Esse é o caso do paulista Nino Cais, que ao instalar colunas produzidas com cabos de vassoura na sala de exposição instaura um diálogo entre a arquitetura urbana e o mobiliário doméstico. Esta é também a proposta da videoinstalação Contramuro, da carioca Ana Holck, que insere o espectador entre projeções que alteram imagens de construção e desconstrução de um muro de concreto.

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OLHAR ENO GRÁFICO Barbara Wagner retrata mestres do maracatu

Entre as escolhas dos jovens artistas revelados no Rumos apresenta-se também o uso de matéria-prima industrial urbana. O capixaba Rafael Alonso prefere os elásticos coloridos de escritório e a fita adesiva às tintas e pincéis. Já Yana Tamayo reconstrói a imagem de edifícios de Brasília com objetos plásticos de uso cotidiano.

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Embora a curadoria observe que os artistas selecionados revelam um Brasil mais urbano do que rural, deixando de lado a temática social, impossível não detectar esse tipo de preocupação nas fotografias de Barbara Wagner, que mapeiam duas gerações de mestres do maracatu da zona da mata brasiliense; ou do paraense Alan Campos, que registra minorias indígenas do Amazonas; ou mesmo na videoinstalação Cronópios, da gaúcha Leticia Ramos, com imagens do Largo de Pinheiros paulistano. Sinais de que o jovem artista tem um impulso documental na abordagem do social.

Roteiros

Meus livros, meus discos

Vânia Mignone/ Casa Triângulo, SP/ até 28/3

Geralmente composta por uma pintura de traços econômicos, cores fortes e textos curtos, a obra de Vânia Mignone tem uma relação de parentesco – ainda que distante – com o universo gráfico dos pôsteres de cinema, dos cartazes de rua, das placas de sinalização. Nesta sua exposição individual na galeria Casa Triângulo, as pinturas de formato quadrado remetem às capas de discos de vinil e apresentam-se como uma coleção de imagens alçadas de um repertório pessoal e intimista.

Em cada tela, uma personagem realiza uma ação solitária. "Gosto dessa solidão. É um momento em que a pessoa consegue se conhecer, perceber sua relação com o ambiente, com ela mesma. É uma necessidade", diz a artista.

Em suas telas, desenvolvem-se ações cotidianas: uma mulher experimenta um vestido para um baile (foto), um rapaz agacha-se junto ao sofá da sala de sua casa. Cada uma dessas situações poderia significar um fragmento narrativo qualquer: o capítulo de um livro, o prólogo de um conto, um ato de peça teatral, a letra de uma música.

A relação entre a pintura e a narrativa de histórias é evidente na obra dessa artista paulista, que atualmente também exibe um trabalho na exposição coletiva Nova Arte Nova, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo. "Gosto muito desses jogos de palavras criando imagens", diz Vânia. "Mas, como eu não sei fazer poesia nem construir uma imagem através das palavras, eu uso o meu recurso, que é a pintura ou o desenho. Mas incorporo essas palavras porque gosto muito delas."

Colaborou Fernanda Assef

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