O charme de Puerto Madero, as maravilhas da enogastronomia e os bons preços. Tudo isso agradou à relaçõespúblicas Juliana Monteiro, 23 anos, em sua primeira viagem a Buenos Aires, na Argentina. Mas o que mais a surpreendeu não tem nada de turístico. Ao contrário, é bem familiar. "Fiquei surpresa com a quantidade de brasileiros. Era só sair na rua para escutar bastante português", diz Juliana, que visitou o país vizinho no mês passado. Desde 2003, cresce continuamente o fluxo de brasileiros para a Argentina, principalmente para Buenos Aires. Mas a invasão deste ano deve bater todos os recordes. Segundo estimativa da Secretaria de Turismo argentina, a previsão é que, em 2007, cerca de 520 mil brasileiros desembarquem no Aeroporto Internacional de Ezeiza, na capital portenha, principal porta de entrada do país. Este número é um terço maior do que o de 2006.

Só a CVC Turismo – a maior operadora do Brasil e a que mais leva turistas para a Argentina – vem despejando em média 230 passageiros por dia em Buenos Aires. Sua meta para 2007 é transportar 100 mil brasileiros para lá, o dobro do ano passado. "Só não mandamos mais gente porque a maioria das pessoas quer voltar no domingo e não há mais vôos disponíveis", diz Valter Patriani, presidente da CVC. "Buenos Aires é um destino de oportunidade. As pessoas vão para ficar em média quatro dias", explica.

O principal motivo para tamanha invasão verde-amarela é a recente valorização do real em relação ao peso argentino. Com isso, pacotes de viagens, hospedagem, alimentação e compras estão muito mais baratos do que os disponíveis no Brasil. "É ótima a sensação de ver o seu dinheiro valendo mais que o de outro país", diz Juliana, que parcelou sua viagem em dez vezes sem juros.

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Este não é o único atrativo. Segundo Aldo Leone Filho, diretor da operadora de viagens Agaxtur, o brasileiro sempre gostou do ar europeu de Buenos Aires, evidenciado pela arquitetura da cidade, pela forma de se vestir do argentino e pelo frio desta época do ano. "Imagine agora que o real está valorizado! O brasileiro vai lá para curtir o friozinho e compra vinho, casacos de cashmere e sapatos de couro baratos", diz Aldo. A operadora embarcou 558 passageiros para Buenos Aires em maio de 2006. No mesmo período deste ano, o número pulou para 730.

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Brasil Juliana encontrou muitos conterrâneos na Argentina

O administrador de empresas Luís Cássio de Oliveira, 44 anos, é um habitué da capital portenha. Fez a primeira viagem há uma década e já esteve na cidade cerca de dez vezes, quase sempre na companhia da mulher. Os dois, que adoram explorar Buenos Aires a pé, se sentem acolhidos pelo povo. "Fora a rixa por causa do futebol, eles nos tratam como vizinhos. São sempre muito educados e atenciosos. Me sinto muito bem lá", diz Luís.

É comum o viajante brasileiro combinar Buenos Aires com algum outro lugar no país. Os amantes do vinho e da gastronomia procuram Mendoza. Quem curte o contato com a natureza busca os encantos da Patagônia. E quem quer ver neve ou gosta de esquiar vai para Bariloche, o segundo destino preferido dos brasileiros na Argentina. O termo "Brasiloche" – cunhado na década de 70 em alusão ao grande número de turistas que chegavam à cidade para se divertir na neve – voltou a ser usado. Na alta temporada, de 23 de junho a 10 de agosto, a CVC pretende levar 13 mil brasileiros para lá. Só de aviões fretados serão 16 por semana, saindo de diferentes capitais do País. "O bom de Bariloche é que não é apenas uma estação de esqui. É uma cidade cheia de opções. A maioria dos brasileiros vai ver neve e, quando vêem, os olhos deles brilham", diz Valter Patriani.

 

 


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