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Alguns prefeitos de cidades italianas estão conseguindo chamar mais a atenção do que as celebridades de alto quilate que inundam as praias do país nesta época do ano. Amparados por um novo pacote de leis sobre segurança pública, aprovado pelo governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi e em vigor desde o final de julho, eles deram asas à imaginação e usaram o poder e a autonomia conquistados para aprovar normas polêmicas, como a proibição do uso de tamancos, de beijos dentro de automóveis e até da construção de castelos de areia na praia. A saraivada de proibições entra em vigor no auge do verão europeu, quando o país costuma receber milhões de turistas, o que tem causado surpresa e irritação a todos. Para complicar ainda mais o quadro, as regras mudam de cidade para cidade. De acordo com a nova legislação, os dirigentes municipais são incitados a vigiar “tudo o que possa interessar à segurança e à ordem pública”.

No lançamento do pacote, o ministro do interior, Roberto Maroni, conclamou todos os mandatários a exercitarem sua criatividade. E eles têm seguido à risca essa orientação. Nas turísticas Positano e Capri está proibido andar de tamancos nas ruas, por causa do barulho que esses calçados supostamente produzem, sob o risco de levar uma multa de 50 euros (R$ 119). Em Novara, no norte do país, quem for surpreendido num grupo de mais de duas pessoas após as 23h30 pode amargar um prejuízo de até 500 euros (R$ 1,2 mil). Esse mesmo valor pagará o casal que arriscar um beijo dentro de um carro na cidade de Eboli, no sul da Itália. Em Eraclea, o prefeito implicou com os castelos de areia: a construção deles está vetada, assim como levar conchas ou areia para casa. Esses delitos ocasionam multas entre 25 euros e 250 euros (R$ 60 a R$ 600).

Em diversas localidades, como Gênova, está proibido circular com garrafas de vinho ou cerveja. Massagistas profissionais estão banidos das praias, sob pena de, flagrados, desembolsarem até mil euros (cerca de R$ 2,4 mil). Já Ravenna proibiu o topless, muito cultuado entre as nativas e as turistas. E em Veneza e Assis, terra de São Francisco, está proibido pedir esmolas.

Um dos mandatários mais empolgados é o prefeito de Verona, Flavio Tosi. Lá, clientes de prostitutas são multados em 500 euros (R$ 1,2 mil) e ninguém pode circular sem camisa ou comendo perto de monumentos. Segundo declarou Tosi, que está reivindicando mais poder para colocar na cadeia vândalos e bêbados, “é o povo que pede esse tipo de medida”. Falta combinar com a população local e os turistas.