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O Brasil acostumou-se a ver talentos do futebol serem exportados para a Europa. Nas últimas duas décadas, contratos de milhões de euros passaram a ser comuns. Mas a bonança, que vinha dando sinais de enfraquecimento na Inglaterra e na Itália, pode estar com os dias contados até no campeonato espanhol, a meca atual do futebol – mesmo com a taça da Copa do Mundo na mão da Espanha. Foi isso que o mundo entendeu do pedido de empréstimo feito pelo Barcelona, que tomou R$ 352 milhões para contornar problemas de fluxo de caixa no dia 6 de julho. Na mesma época, um estudo da Universidade de Barcelona mostrou que, somados, os 20 maiores clubes da liga espanhola acumulavam R$ 8,1 bilhões em dívidas. Seria o fim do futebol europeu esbanjador?

“Não há como negar que a situação no Velho Continente é complicada”, afirma Amir Somoggi, diretor do núcleo de esportes da consultoria Crowe Horwarth RCS. Um dossiê feito pela União das Federações Europeias de Futebol (Uefa) para avaliar a saúde financeira de seus 732 fililados também confirma a crise: as dívidas dos times são de R$ 15 bilhões. “Mas falar em quebradeira hoje é um exagero”, ressalva Somoggi. Segundo ele, todo clube trabalha com algum tipo de endividamento. O que os estudos mostram é que, se o ritmo atual continuar, em breve poderão haver falências. Por isso, em março a Uefa anunciou o Financial Fair Play, um programa que cria metas financeiras a serem atingidas pelos times para que eles possam participar de campeonatos como a Champions League, que geram receita.

Há quem veja o Financial Fair Play como uma intromissão da Uefa no que não diz respeito a ela. “A discussão no mundo do futebol é parecida com a que acontece no setor financeiro: quanta regulação precisamos?”, diz Somoggi. Enquanto o debate segue, alguns times continuam esbanjando. O clube inglês Chelsea acaba de oferecer R$ 45,5 milhões ao Santos pelo jogador Neymar. Se o dinheiro realmente existe ou se será somado às dívidas do time como mais um empréstimo, só o tempo dirá.

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