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CONTROLE Taxas altas de açúcar no sangue alertam para a doença

Na última semana, uma nova pesquisa trouxe luz a uma questão ainda pouco conhecida a respeito da diabete, doença que atinge 240 milhões de pessoas no mundo. O trabalho comprovou que uma família de vírus – os enterovírus – está relacionada à manifestação da enfermidade, particularmente no caso de crianças. Esses agentes infecciosos são relativamente comuns e provocam sintomas semelhantes aos de um resfriado ou desconfortos gastrointestinais como vômito e diarreia.

A doença é caracterizada pelo acúmulo de açúcar – ou glicose – na corrente sanguínea. Isso acontece porque a insulina, o hormônio que permite a entrada do nutriente nas células, tem sua produção interrompida, reduzida ou fica com a eficiência prejudicada. Há dois motivos para que isso ocorra: o sistema de defesa do corpo, por alguma razão, passa a atacar as células beta, localizadas no pâncreas e responsáveis pela fabricação da insulina. É a chamada diabete tipo 1. Na diabete tipo 2, a insulina não atua como deveria por causa de disfunções metabólicas provocadas principalmente pela obesidade.

No trabalho realizado pela Peninsula Medical School, na Inglaterra, os cientistas verificaram a presença de enterovírus em amostras de pâncreas obtidas de pacientes que haviam morrido em decorrência da doença. No primeiro grupo, foram 72 peças extraídas de jovens portadores da diabete tipo 1 que tinham falecido menos de um ano depois do diagnóstico. Em 43 deles os microorganismos estavam presentes. Entre amostras obtidas de 50 crianças sem a doença, os agentes não foram encontrados. A análise de material colhido de adultos com a diabete tipo 2 revelou vírus em 40% deles. Entre indivíduos sem a doença, apenas 13% manifestavam a existência dos agentes.

Os cientistas acreditam que o processo de infecção desencadeado pelos vírus faz com que as células beta sejam reconhecidas pelo sistema de defesa do corpo como objetos estranhos e, por isso, passem a ser atacadas. Em pessoas com predisposição genética, seria o gatilho para o início da enfermidade. Os pesquisadores também investigam se a infecção de alguma maneira interfere na habilidade de as células beta liberarem a insulina.

A constatação da evidente relação entre os vírus e a diabete pode levar a novas formas de tratamento e de prevenção. "Se pudermos identificar quais enterovírus estão presentes, podemos criar uma vacina", explicou à ISTOÉ Noel Morgan, autor do trabalho. "Desta maneira, evitamos que o processo seja desencadeado, pelo menos por causa de vírus."

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