9 mil pessoas são presas por ano ao usar transporte público sem bilhete na Alemanha

Um bilhete para quatro viagens da Autoridade de Transportes de Berlim-Brandemburgo em frente a uma máquina de bilhetes
Um bilhete para quatro viagens da Autoridade de Transportes de Berlim-Brandemburgo em frente a uma máquina de bilhetes Foto: AP

Andar de transporte público sem bilhete pode dar cadeia na Alemanha. Cerca de 9 mil pessoas são presas por ano por cometerem esse crime e não pagarem as multas. Foi o que aconteceu com Suzana Deuling, que foi condenada a quatro meses de prisão.

“Eu tinha um bilhete, mas não carimbei. Perdi meu emprego por causa da minha doença, tenho câncer”, conta a alemã.

Suzana foi multada, mas não conseguiu pagar tudo de uma vez. “Esqueci de pagar a última parcela. Eram 60 euros no total, e porque eu estava dependendo de ajuda social pela primeira vez, esqueci de pagar os últimos 30 euros.”

No final, a multa e as penalidades aplicadas depois chegaram a 750 euros. E como Suzana não tinha esse dinheiro, acabou presa.

O projeto Freiheitsfonds – em português, Fundo da Liberdade – ajuda a tirar da cadeia pessoas na situação de Suzana. Segundo a iniciativa, quase 90% dos afetados são desempregados.

“É um delito relacionado à pobreza, e as pessoas envolvidas geralmente não têm condições de pagar, e mesmo assim acabam na prisão”, diz Leonard Ihssen, do Freiheitsfonds.

Andar de transporte público sem bilhete válido é considerado crime na Alemanha por causa de uma lei da era nazista.

Geralmente é aplicada uma multa de 60 euros ao infrator. Mas qualquer pessoa flagrada repetidamente sem bilhete válido pode ser processada. E a pena pode chegar a um ano de prisão.

“Os processos relacionados a andar sem bilhete custam ao Estado alemão cerca de 120 milhões de euros por ano. São 120 milhões de euros que vão simplesmente para os custos de detenção”, afirma Leonard Ihssen.

O Freiheitsfonds defende que andar sem bilhete deixe de ser crime. O projeto arrecada fundos para pagar as multas e libertar quem foi preso por isso.

Cem pessoas foram libertadas em todo o país como resultado da última campanha do projeto. Incluindo Suzana, que, graças à ajuda, passou menos de uma semana na prisão.

“Tinha todo tipo de gente na prisão, não só quem não carimbou o bilhete, mas também assassinos e dependentes químicos. Até os guardas disseram que eu não pertencia àquele lugar.”