Num momento em que trabalhar no Exterior é uma aspiração quase inatingível, programas de intercâmbio – que custam em média US$ 2 mil – têm ajudado estudantes brasileiros a obter empregos temporários nos Estados Unidos. Nos últimos oito anos, cerca de 20 mil jovens embarcaram nessa breve, e rica, aventura. Neste mês e em setembro, empregadores americanos estarão no País para entrevistar os candidatos inscritos nas agências associadas ao Work Experience USA, programa do Camp Counselors USA, organização com 18 anos de experiência em intercâmbios. “É uma forma de adquirir fluência no inglês e ganhar em dólar”, diz Gisele Mainardi, supervisora do programa da agência Central de Intercâmbio (CI).

Ao decidir por uma das agências espalhadas pelo País, o estudante passa por
um teste para avaliar seu inglês e participa de uma das feiras de recrutamento. “Eles perguntam sobre os tipos de trabalho que gostaríamos de fazer e aproveitam para avaliar o inglês”, conta André Martinez, 19 anos, estudante de publicidade
e propaganda, que no final do ano passado trabalhou por três meses como
operador de teleférico numa estação de esqui, em New Hampshire, ao norte
dos EUA. Ganhando US$ 7,25 por hora, André conseguiu recuperar o valor
investido no programa, além de conseguir pagar acomodação, alimentação
e passeios nos dias de folga.

Também em dezembro de 2004, as irmãs Carolina, 21 anos, e Camila Zendron,
24, foram trabalhar em um cassino em Lake Tahoe, na Califórnia. Elas eram assistentes na mesa de cartas, e conseguiram ganhar, por mês, US$ 3 mil. “ Foi maravilhoso. A experiência de vida que adquiri foi muito gratificante. Recomendo”, diz Carolina. Ela e sua irmã dividiram um apartamento com mais seis brasileiras, todas intercambistas. “Foi muito divertido, conheci gente de várias partes do
mundo, e o meu inglês melhorou bastante”, conta Camila, que se prepara
para retornar a Lake Tahoe.

Os Estados Unidos são o destino mais procurado – o governo concede
vistos de três a quatro meses – por conta do baixo custo do programa e pela
boa remuneração, de US$ 5 a US$ 10 por hora, com 20 a 40 horas de trabalho por semana. Mas há outras opções para quem procura estágio no Exterior e não está
tão preocupado com a remuneração. “Os estudantes de turismo e gastronomia podem ir para a Nova Zelândia ou para o sul da França. Já os estudantes de jornalismo e publicidade têm preferido ir para Londres e Nova York”, explica Henrique Riedhorst, gerente da agência Sem Destino. Para a Nova Zelândia, o estágio sai em média por US$ 3,5 mil. Já para a Austrália, por volta de US$ 4,5 mil. Os custos são mais altos e a remuneração, quando existe, supre apenas gastos com acomodações e alimentação.