Os esportes de aventura, pelo menos no que diz respeito aos negócios, não são atividades para aventureiros. Os organizadores da sétima edição da Adventure Sports Fair, o maior evento do setor no Brasil, esperam gerar negócios de R$ 84 milhões entre a quarta-feira 24 e domingo 28. O evento, que será realizado na Bienal do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, aguarda cerca de 70 mil visitantes para seus 290 estandes. Entre os expositores estarão agências de turismo, fabricantes de roupas e equipamentos, montadoras de automóveis de olho no filão off road e as revistas ISTOÉ e Go Outside, especializada no assunto e lançada neste ano pela editora Rocky Mountain. No estande conjunto haverá uma sala com projeções de filmes sobre esportes radicais e meio ambiente. De acordo com a Organização Mundial de Turismo (OMT), o ecoturismo e o turismo de aventura crescem mais de 20% ao ano. No Brasil, os números não são precisos, mas estima-se que o crescimento fique entre 15% e 20%. Com o aumento do número de participantes, também ganham corpo os relatos de acidentes e experiências mal-sucedidas.

A feira abrigará o 2º Simpósio de Certificação em Turismo de Aventura, que discutirá normas para garantir a segurança nas diferentes práticas. O caminho para tanto, porém, é árduo. A iniciativa de normatização teve início em dezembro de 2003, quando o Ministério do Turismo, em parceria com o Instituto de Hospitalidade (IH), entidade de Salvador voltada para a educação e o turismo, passou a pesquisar normas e certificados internacionais. Criou-se então um banco de dados (www.abeta.com.br/tabd) para atender às exigências do setor no País. “O objetivo do projeto é diminuir o número de acidentes e dar condições para que o Brasil seja um grande destino de aventura”, explica Gustavo Timo, coordenador do projeto no Instituto de Hospitalidade.

Em maio deste ano, uma força-tarefa, que incluiu o IH, a Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT) e comissões de estudo formadas por representantes de diversos esportes de aventura, chegou a um consenso acerca de 19 normas.
Três delas servem para qualquer tipo de atividade e abordam as competências mínimas exigidas do responsável pela atividade, a preparação do turista antes de iniciar a aventura e as especificações dos equipamentos e medidas de segurança. Mas a redação das normas por este grupo não é o bastante. É preciso passar por dois meses de consulta nacional no site da ABNT (www.abnt.org.br). E dá-lhe burocracia. Mas a necessidade de conjunto de normas ficou latente no início deste mês. A subprefeitura da Lapa, em São Paulo, proibiu a prática de rapel no viaduto
Dr. Arnaldo, cujos 27 metros de altura eram palco das descidas desde 1996. A decisão saiu após um acidente no dia 31 de julho, quando um esportista caiu e quebrou um braço. As equipes que promoviam as atividades reagiram e querem
um cadastro municipal que regulamente o esporte. Se o governo federal está no trabalho desde dezembro de 2003 e ainda não terminou o processo, talvez seja melhor a prefeitura esperar.


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