Nos próximos dias explodirá na CPI dos Correios uma nova bomba. A procuradora da República Raquel Branquinho já fez a integrantes da comissão um relato a respeito do conteúdo do novo depoimento de Maurício Marinho, ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material da ECT. Em 83 páginas de depoimento concedido em 15 sessões realizadas entre junho e julho, Marinho expôs ao Ministério Público Federal todo o esquema de arrecadação de dinheiro na estatal. Ele fez dezenas de indicações sobre irregularidades nos milionários contratos da estatal e não poupou ninguém. Estão no esquema apontado por Marinho: o PT, que dominava as diretorias de Operações e Tecnologia, consideradas as principais; o PMDB, que tinha outras três diretorias, além da presidência; e o PTB de Roberto Jefferson, que dominava uma diretoria.

Arquivos – Em seu depoimento, Marinho afirma que o ex-presidente da ECT, o peemedebista João Henrique, mantinha a seu lado um assessor informal, sem cargo na estatal, cuja ocupação era fazer estranhas visitas às empresas detentoras de grandes contratos junto aos Correios. Segundo Marinho, o roteiro de visitas do assessor informal de João Henrique incluiu a Politec, contratada para construir salas-cofre destinadas à armazenagem de material de informática e arquivos digitais. A visita foi feita em um momento estratégico – quando a Politec discutia com a estatal a renovação de seu contrato – e teve o objetivo de acertar as condições da renovação. Segundo Marinho, o episódio gerou uma trombada interna. A Politec teria se queixado do assédio excessivo. Já havia recebido visita com propósito semelhante de representantes da diretoria de Tecnologia.

Marinho, que foi filmado recebendo R$ 3 mil das mãos de um araponga disfarçado de empresário, decidiu colaborar em sigilo com o Ministério Público. Revelou aos procuradores que Sílvio Pereira, ex-secretário-geral do PT, mantinha-se permanentemente informado sobre os negócios nas diretorias de Tecnologia, responsável pela área de informática, e Operações, que respondia pelos milionários contratos de transporte aéreo de encomendas e correspondências. Segundo Marinho, Sílvio Pereira teria o poder de interferir nos negócios tocados pelas duas áreas. Roberto Jefferson também mantinha o punho firme sobre a sua área de influência. Encontrava-se semanalmente com o diretor de Administração, Antônio Osório, e colocou seu genro, Marcus Vinícius Vasconcelos Ferreira, para acompanhar os contratos da diretoria, relacionados à compra de material de consumo para a estatal. Vinícius vivia na estatal e indicava os empresários a ser recebidos para tratar de negócios. O MP vem relutando em entregar o depoimento à CPI. Quer manter o sigilo para produzir o máximo de provas. Vários nomes citados por Marinho estão grampeados pela Polícia Federal.