Catarinense da capital, formado em direito, ex-jornalista e ex-empresário, Marco Antonio Arantes optou pela literatura em boa hora. Depois de ter histórias premiadas em concursos, o autor estréia em livro com os 13 contos de Romãs maduras (Editora Terceiro Nome, 142 págs., R$ 26). Tanto no conto de abertura, que dá título ao volume, quanto no seguinte, Todas as luzes, dedicado “de alguma forma” a Frida Kahlo, Arantes se vale da polifonia narrativa consagrada por Julio Cortázar em Senhorita Cora, deixando que o leitor conclua a história. Em Romãs maduras, por exemplo, ilustrado à perfeição pela capa do livro que traz um detalhe do quadro Los fuzilamientos del 3 de mayo, do pintor espanhol Francisco Goya, o autor cria um triângulo formado pela curiosidade do filho, as lembranças da mãe e a ausência do pai. Vidas que dependem de uma carta e uma foto para sempre perdidas. Mas não é só de recursos sofisticados que seu texto é feito. Arantes ironiza, com classe, a Igreja em Graça alcançada e em Epifania, a mitologia em Apenas tudo, o status quo em De compras e vendas, Tia Juju em chamas e em A felicidade bate à sua porta. E o faz sem maiores preocupações exceto contar uma boa história.