Quando chegaram à prisão em 2006, Renato de Brito (então com 22 anos), William de Brito (com 26) e Wagner da Silva (com 23) tiveram de se explicar para os outros detentos – na linguagem da cadeia isso se chama "sumariar". Ele haviam sido presos sob a suspeita de terem violentado e assassinado a jovem Vanessa Batista de Freitas na cidade paulista de Guarulhos (ela era ex-namorada de Renato). Os três moços juravam inocência e afirmavam que só confessaram o crime porque foram barbaramente torturados. O Ministério Público não lhes deu atenção, o juiz idem, e lá estavam os três no cárcere à mercê das leis que regem a malandragem no caso de estupro: mais sevícias, violação sexual e morte. Os presos antigos, no entanto, lhes concederam o benefício da dúvida (cabível na presunção de inocência), coisa que a Justiça não fez. Renato, William e Wagner seriam avaliados durante um tempo para provarem a inocência. Pois bem: passou o prazo e eles foram inocentados atrás das grades – isso porque conseguiam falar "olhando dentro dos olhos" dos interlocutores, outro infalível método no "sumário" da cadeia. Depois de dois anos presos, veio a surpresa na quarta-feira 3: Leandro Rodrigues, preso pelo assassinato de pelo menos seis mulheres, disse à polícia que foi ele quem estuprou e matou Vanessa. Revelou detalhes suficientes para que o promotor Marcelo Alexandre Oliveira, o mesmo que os havia indiciado, pedisse a revogação da prisão. "A única coisa que eu posso dizer é que eu não sou lixo. Sou um ser humano como qualquer um de vocês", declarou William à imprensa.