Lançado nos Estados Unidos em 1983, e dois anos depois no Brasil em um único volume, Histórias de robôs volumes I, II e III (L&PM, 240, 240 e 272 págs., respectivamente, R$ 16 cada um) reúnem o que há de melhor sobre o assunto em língua inglesa. Editados pelo escritor Isaac Asimov com auxílio de Patricia S. Warrick e Martin H. Greenberg, especialistas em ficção científica e em filosofia da tecnologia do computador, são 27 textos de nomes como Philip K. Dick, Arthur C. Clark, John Wyndham e Robert Silverberg. Asimov incluiu quatro histórias de Eu, robô, de 1950 – Robbie, O conflito evitável, Brincando de pique, rebatizada Círculo vicioso, e Evidência, ou Prova na nova tradução, além de O homem bicentenário, que inspiraria o filme estrelado por Robin Williams. Destacam-se também o pioneiro O feitiço e o feiticeiro, escrito por Ambrose Bierce em 1894, e a premonitória Uma lógica chamada Joe, de Murray Leinster, que fala de computadores pessoais e da internet. E isso em 1946.

Paralelamente, chega às livrarias Ficção científica brasileira – mitos culturais e nacionalidade no país do futuro (Devir, 168 págs., R$ 28), da americana Mary Elizabeth Ginway, brazilianista e professora de literatura brasileira na Universidade da Flórida, que visitou o País no mês passado. Seu estudo sobre a ficção brasileira produzida nos últimos 40 anos associa paradigmas anglo-americanos, como o próprio robô e a espaçonave, aos mitos culturais brasileiros, entre outros o do povo dócil e da terra fértil. Ex-escravagistas, Estados Unidos e Brasil dão um tratamento diferenciado a seus robôs – ou escravos, afinal a palavra robô vem do russo “robota”, que significa trabalho. Como a América os temia, principalmente os escravos negros, deixou de comercializá-los bem mais cedo que o Brasil. Assim o típico robô ianque é sinistro e descontrolado. Sofre do “complexo de Frankenstein”, como Asimov o qualifica no prefácio Os robôs, os computadores e o medo. Bem ao contrário dos autômatos criados pelos escritores brazucas, merecedores e herdeiros de um relacionamento íntimo paternalista e personalizado. Verdadeiras mucamas de metal.