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É possível que a mágica tenha algo a ensinar à medicina? Uma interessante linha de pesquisa conduzida por cientistas americanos está mostrando que sim. Por meio das informações obtidas sobre os mecanismos usados pelos mágicos para criar e executar os truques – e sobre seus efeitos nos espectadores –, os pesquisadores acreditam que será possível decifrar muitos dos processos cerebrais associados à atenção, ao raciocínio e à visão. O objetivo é usar os dados obtidos na formulação de novas terapias para doenças caracterizadas justamente por deficiências nessas funções. Entre elas o mal de Alzheimer e o transtorno de hiperatividade e déficit de atenção (TDHA).

Os responsáveis pelos estudos são Stephen Macknik e Susana Martinez- Conde, dois neurocientistas do Barrow Neurological Institute, localizado no Arizona. Eles recrutaram alguns dos mais conhecidos mágicos americanos – John Thompson, Apol lo Robbins , Mac King, James Randi e Teller, da dupla Penn & Teller – para participar das pesquisas. As investigações a respeito do funcionamento do cérebro dos profissionais ainda estão no início, mas os estudiosos já têm algumas considerações. “Eles desenvolveram um sof isticado mecanismo cerebral capaz de misturar humor e alteração rápida de circunstâncias para criar ilusões e manter a platéia atenta”, explicou Susana à ISTOÉ. “Quando entendermos essa capacidade poderemos usar o conhecimento para melhorar a eficácia das terapias usadas com pacientes que precisam treinar o foco na atenção”, completou a pesquisadora. Uma das idéias é “ensinar” médicos e responsáveis pelos cuidados com os doentes a ativarem os mesmos circuitos cerebrais usados pelos mágicos para conseguir criar efeitos semelhantes.

Os cientistas também possuem algumas hipóteses sobre quais seriam os impactos dos truques no cérebro dos espectadores. Uma das áreas mais atingidas seria, claro, o córtex pré-frontal, região associada à atenção e ao raciocíonio. O hipocampo, integrante do sistema que processa a memória, seria outra estrutura acionada, assim como o lóbulo occipital, onde as informações visuais são interpretadas.