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O ideal seria ter bola de cristal que adivinha o futuro. Mas, como isso não é possível, uma novidade promete agradar muito às empresas – e nem tanto aos candidatos – que buscam, através de testes seletivos, escolher as melhores pessoas para ser funcionários. O Integrity meter (medidor de integridade) tem um programa de computador que em 30 minutos promete testar o caráter de quem disputa um emprego. Criado por um ex-funcionário do governo de Israel, o software já foi adotado pelo McDonald’s, Phillip Morris, FedEx e Grupo GR, que recruta vigilantes para grandes empresas. Semelhante ao polígrafo (o famoso “detector de mentiras”), o teste aponta o possível envolvimento do indivíduo com drogas ou criminosos. O Integrity meter combina as respostas de até 200 perguntas para identificar contradições no discurso do postulante à vaga. “Não dá para enrolar. Se tentar ocultar informações, os resultados mostrarão as incoerências”, diz Ronen Ben Efraim, diretor da Global Advising, que trouxe o sistema para o Brasil há seis meses.

O resultado serve de base para a entrevista pessoal. O consultor imobiliário paulistano Alon Katarivas, 30 anos, passou pelo medidor de integridade ao disputar um emprego para gerente de segurança. De cara, ele admitiu já ter fumado maconha e o teste pesquisou a possibilidade de seu envolvimento com drogas. “O que eu disse contou como uma demonstração de sinceridade”, afirma ele, que soube fazer algo negativo virar positivo. Para especialistas em recursos humanos, este episódio demonstra que o teste não deve substituir outros métodos de seleção. Deve, sim, ser complemento.

Leyla Galetto, diretora técnica do Grupo Foco, admite que em seleções mais concorridas o sistema às vezes é eliminatório. Se a integridade do indivíduo for questionada, ele está fora. “Por mais injusto que pareça, o teste é lógico. A conclusão só vai comprometê-lo se o candidato for incoerente” afirma. Já a gerente de negócios da Across, Daniele Mendonça faz uma ressalva: as condições emocionais e intelectuais do indivíduo podem influenciar o resultado – e isso pode levar a injustiças e processos judiciais. “A pessoa está sob forte pressão numa seleção. Se ler devagar, pode não compreender as perguntas e acabar sendo cortada”, diz ela.