17/08/2005 - 10:00
O empresário Eugênio Staub, controlador da Gradiente, foi dormir na madrugada da terça-feira 9 com a certeza do dever cumprido. Há dois meses, ele e seu vice-presidente, Dante Iacovone, negociavam com Íntegra Associados a compra da fabricante de eletroeletrônicos Philco, controlada pela Itautec, do Grupo Itaú. A compra da fábrica de televisores, DVDs aparelhos de áudio da rival coloca Staub e sua Gradiente muito próximo da liderança do mercado de eletroeletrônicos. O valor do negócio é mantido a sete chaves, mas especialistas em fusões e aquisições estimam que não tenha saído por menos de R$ 50 milhões. A marca Philco, uma das mais tradicionais do mercado brasileiro, segundo Staub, será preservada pela Gradiente e continuará independente e com força de vendas própria. Claro que todas as sinergias do negócio serão aproveitadas.
Com a aquisição da Philco, que deve ser confirmada nos próximos 40 dias, a Gradiente se renova ao incorporar as novas tecnologias, como a de telas de plasma e de LCD que a ex-rival já produz em sua fábrica em Manaus (AM). Em termos financeiros, o grupo ganha um faturamento anual de R$ 550 milhões e passa a ter vendas de R$ 2 bilhões. A união de força também aumenta a participação de mercado: salta de 7,9%, na área de televisores, para 17,7% e de 23,4%, em DVD, para 29,6%. É um ganho e tanto. A Philips, líder isolada até agora, com 22% em DVDs e 30% do mercado de televisores, terá que se mexer para não perder espaço. As outras multinacionais, LG Samsung e Semp Toshiba, que também disputam a liderança, receberam a notícia em silêncio. A jogada de Staub foi acompanhada com surpresa pelos empresários do ramo, embora seja do conhecimento de todos o desejo antigo da família Setubal de se livrar da Philco, adquirida da montadora Ford em 1989. A saída da área de eletrônicos era uma recomendação da consultoria McKinsey desde o ano passado e faz parte de um processo de reestruturação do Itaúsa, holding que controla o grupo. O objetivo é fortalecer os outros segmentos da Itautec, focando os negócios na área de tecnologia – automação comercial e bancária, assistência técnica e informática.
