Hüzüm/ Oi Futuro, Rio de Janeiro/ de 2/9 a 2/11
Ficções/ Galeria Vermelho, São Paulo/ de 2/9 a 27/9

No romance Meu nome é vermelho, do escritor turco Orhan Pamuk, diversas vozes se alternam em uma história contada por 19 narradores diferentes. A narrativa multifacetada é também o caminho escolhido pelo artista carioca Carlos Vergara, na exposição multimídia Hüzüm, palavra turca extraída dos textos de Pamuk, cujo significado está relacionado à melancolia dos tempos de glória do império otomano. Hüzüm estará em cartaz no Oi Futuro, no Rio. Na Galeria Vermelho, em São Paulo, a artista mineira Marilá Dardot empresta o nome do livro de Jorge Luis Borges para sua mostra Ficções. Temos aqui duas poéticas de artistas de diferentes gerações e propostas que nascem da leitura de livros.

“Hüzüm para mim é um olhar através de uma janela embaçada”, diz Vergara, que, depois de ler Orhan Pamuk, viajou à Capadócia, região central da Turquia, citada na Bíblia como terra de São Jorge. O artista trouxe de lá muitos megabytes de imagens fotográficas, alguns vídeos e monotipias do solo e de ruínas milenares, feitas com pó de carvão em lenços de bolso – que funcionam para o artista como “blocos de notas de viagens”. Para processar a complexidade de uma cultura fronteiriça entre Oriente e Ocidente, Vergara optou por nunca expor imagens únicas. As fotografias que trouxe de monastérios, rochas, mesquitas e mercados ganham projeções múltiplas e tratamento de mosaicos. “Os conflitos entre imagens determinam que o olhar do espectador trabalhe para compreender o que vê. Há áreas de clareza e áreas de confusão. Dessa forma, ele tem a mesma sensação que tive lá”, conta. Reforça a narrativa múltipla o fato de Vergara ter proposto um exercício de improvisação coletivo, uma espécie de jam session sonoro-textual-visual, em que colaboram o artista sonoro Paulo Vivaqua, o videoartista Gustavo Moura e o crítico Luis Camilo Osório, que acompanhou o artista à Turquia.

Marilá Dardot é uma artista que sempre propõe novos textos e leituras a serem decifrados pelo espectador. Muitos de seus trabalhos podem ser experimentados como livros e esse é também o caso de Ficções. Nessa individual, a artista transforma a fachada da galeria na capa de um livro gigante, convidando o público a entrar no país das ficções. Lá dentro encontramos seis obras que remetem aos labirintos da linguagem. Entre elas, Porque as palavras estão por toda parte, composta por 33 letras de concreto que emergem do chão, formando uma frase que o espectador é convidado a descobrir qual é. Se leitor ou jogador, o espectador é sempre provocado pela obra de Marilá à reação e à participação. Os conflitos entre as linguagens digital e analógica são explorados de maneiras complexas e divertidas em O labirinto – livraria das utopias possíveis e no vídeo Correspondência, uma parceria com Fábio Morais. O trabalho consiste numa troca de e-mails realizada com máquina de escrever e enviada pelo correio. “É uma novelinha que fala de tecnologia, tempo e arte. Uma conversa sobre arte em meio a um enredo amoroso”, diz ela.

Nasce um mercado
I-Contemporâneo – Circuito de Fotografia 2008/ Espaço Iguatemi, São Paulo/ de 11/9 a 14/9

A fotografia é uma expressão cada vez mais presente na arte contemporânea e isso se reflete no aquecimento de um jovem mercado voltado ao segmento. Um novo espaço virtual dedicado à fotografia, a Galeria de Babel, confirma a tendência, participando da feira I-Contemporâneo – Circuito de Fotografia 2008, ao lado de galerias de arte de sólida trajetória. Dirigida pela jovem colecionadora Jully Fernandes, a Galeria de Babel trabalha com fotografia histórica, documental e contemporânea. Com um elenco de 16 fotógrafos brasileiros e estrangeiros, é responsável por duas das mais fortes presenças internacionais na feira: o britânico Martin Parr, que aproxima o banal e o bizarro em séries sobre balneários e resorts (foto), e o alemão Thomas Hoepker, premiado no PhotoEspaña 2008. A convite da Babel, Hoepfer está em São Paulo para mostra da série Muhammad Ali, na Paparazzi Galeria, até 8/11.

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O irresistível charme do arabesco
Beatriz Milhazes – Pinturas e colagens
/ Estação Pinacoteca, São Paulo/ até 30/11

Ela já era a celebridade das artes plásticas nacionais, mas ficou conhecida como a pintora de US$ 1 milhão depois de ter a tela O mágico arrematada em leilão da Sotheby’s, em abril deste ano, pelo valor mais alto já pago a uma obra de artista vivo brasileiro. Na retrospectiva com 25 pinturas e colagens produzidas entre 1989 e 2007, o público pode entregar-se à natureza cromática e carnavalesca que dá vida às rosáceas, arabescos, rendas e babados da mais concorrida de nossas artistas.


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