O Brasil é mais corrupto hoje em dia do que foi no passado? Estaríamos entre os países mais corruptos do mundo? São indagações que parte da cidadania faz depois de episódios recentes, como a histórica sessão do Supremo Tribunal Federal que aceitou a denúncia da Procuradoria Geral da República contra 40 pessoas acusadas pelo escândalo do “mensalão” – entre elas, ex-ministros, parlamentares e parte da antiga cúpula do PT. Sem falar no caso do presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, absolvido por seus pares da acusação de quebra do decoro parlamentar. Ah, e sem esquecer de outros escândalos recentes como os sanguessugas, a Operação Navalha, etc.

Ora, estamos longe de ser um exemplo de virtudes republicanas, mas também não somos o valhacouto dos corruptos do mundo. Na verdade, nosso problema é mais a impunidade do que a corrupção. Veja-se, por exemplo, a famosa “Operação Mãos Limpas”, que varreu a Itália nos anos 90. Naquele episódio, a Justiça desbaratou uma vasta rede de corrupção entre o poder público, empresários e até a máfia. A operação levou centenas de figurões à cadeia e provocou a derrocada do sistema político vigente na Itália desde o fim da Segunda Guerra e que favorecia a coalizão liderada pela Democracia Cristã.

Por que não ocorreu nada semelhante aqui? Existem várias razões. Uma delas é a maneira como combatemos a corrupção. Na Itália, a magistratura (os juízes e o Ministério Público) coordena diretamente as investigações e tem uma polícia judiciária independente; no Brasil, ocorre exatamente o contrário: a Justiça participa indiretamente das investigações, recebendo as denúncias das polícias e, eventualmente, das CPIs. Além disso, aqui as investigações se concentram no destino do dinheiro – os políticos –, não na sua origem – os corruptores – geralmente empresas privadas. Até quando?


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