Em meados do século XVI, a situação do colono português Francisco de Albuquerque (Osmar Prado) – protagonista de Desmundo (2002), de Alain Fresnot – não era nada invejável. Acossado por franceses e tribos hostis, o senhor de engenho tinha ainda que aturar escravos preguiçosos, a mãe megera (Berta Zemel) e a irmã mongolóide (Ana Paula Mateu), ao que tudo indica, filha dos dois. Vivia atormentado à espera de uma noiva prometida pelo governo português. Nem mesmo quando Oribela (Simone Spoladore), a enviada, desembarca com outras virgens Albuquerque conhece a paz. A órfã de 15 anos, criada em um convento, se mostra insubmissa desde o primeiro momento.

Em uma das sucessivas fugas que empreende, Oribela acaba se envolvendo com o comerciante cristão-novo Ximeno Dias (Caco Ciocler) que a engravida, desenhando-se assim a tragédia. Um drama histórico baseado no livro homônimo de Ana Miranda e passado na mesma época da comédia Caramuru, de Guel Arraes, incluída nesta coleção. Em seu quarto longa-metragem, o diretor paulistano Alain Fresnot, de Ed Mort, recriou minuciosamente o cenário descrito pela autora. Contou com o auxílio de historiadores, a excelência da direção de arte de Adrian Cooper e os figurinos de Marjorie Gueller. Falada em português arcaico, a produção foi legendada e tem no elenco de apoio as participações de Beatriz Segall, Cacá Rosset, José Rubens Chachá e do músico Arrigo Barnabé.


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