A exemplo de Gilberto Gil e seu Eletracústico (leia crítica na seção Em Cartaz), Lenine também gravou ao vivo o seu mais novo CD. Mas, ao contrário do baiano, o pernambucano preferiu o risco do novo. InCité foi gravado em Paris com uma banda nova e sete das 12 faixas escolhidas são inéditas. A elas se junta Virou areia, composta com Bráulio Tavares há mais de uma década, que ele nunca havia gravado. A primeira vez que Lenine se apresentou no Cité de La Musique, magnífico complexo arquitetônico criado pelo badalado arquiteto Christian de Porzamparc, foi em 1999 no projeto Carte Blanche, a convite de Caetano Veloso. Em abril deste ano, os franceses deram “carta branca” para seu show, que terá também uma versão em DVD com mais oito músicas.

O palco foi dividido exclusivamente com a baixista cubana Yusa, também responsável pelos vocais, e o percussionista argentino, radicado no Brasil, Ramiro Musotto. Curiosamente, o repertório é composto por duplas de parcerias – duas com Dudu Falcão em Todos os caminhos e Anna e eu, duas com Ivan Santos em Do it e Ninguém faz idéia e duas com Carlos Rennó em Vivo e Todas elas juntas num só ser. Outros encontros se deram com o velho amigo Lula Queiroga, com Tavares e com Paulinho Moska, em Relampiano. Na faixa Sentimental, Arnaldo Antunes se juntou a Queiroga, quebrando a fórmula bem-sucedida de InCité, um disco em que nada falta, nada sobra. A começar pela execução sóbria, apesar de a formação – um trio – sempre tender a prolongados solos. As músicas de Rennó e Santos são hits instantâneos. Para provar a aceitação do músico em Paris, a ovação de sete minutos que se segue a Marco Marciano, última música do show, foi incluída no CD. Só resta dizer OK, Lenine, você venceu.