Com a chegada do fim do ano e da agitação causada pelas compras de Natal, aumenta sensivelmente o nível do stress generalizado, principalmente nas grandes metrópoles. Para a maioria das pessoas, aquelas que recebem salário, esse é o tempo de planejar como usar o dinheiro do fim de ano – se sobrar algum – para cumprir com as obrigações natalinas: os festejos e os presentes. Esse desgaste e irritação naturais causados pela aceleração decorrente da proximidade do Natal é potencializado pelo aumento da violência gerada nesta época. Mais gente na rua e mais dinheiro em circulação são chamarizes para o crime, seja ele organizado, seja desorganizado. E a questão da segurança – uma questão de Estado – é um dos problemas que o Estado não consegue dar conta, como nos mostra a reportagem de capa desta edição, assinada por Ana Carvalho, da editoria de Brasil, que ilustra, com casos e números assustadores, o crescimento da violência no Brasil. Essas estatísticas podem ser comprovadas no dia-a-dia: em recente reunião informal de pessoas da classe média em São Paulo, durante um jantar com seis casais, todos os presentes, sem exceção, haviam sido vítimas de algum tipo de violência, pelo menos uma vez.

O Natal está aí, teoricamente para todos. Inclusive para os mais de 24 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha de pobreza. Boa parte deles pode se conformar em não ter como, nem por que comemorar, em não comprar um presentinho, não reforçar uma refeição que deveria ser festiva, até porque não há refeição a ser reforçada. Podem, também, resignar-se, agradecidos com a eventual filantropia e boa vontade de alguns brasileiros com mais possibilidades. Mas outra boa parte deles com certeza não tem essa paciência. E isso aumenta o stress de fim de ano, para eles que não têm e para os que têm o que gastar.