A praia, o mar, as montanhas e as ladeiras do Rio de Janeiro vão se exibir em grande estilo no domingo 5, como sede da maior competição de revezamento já realizada no mundo: o Red Bull Giants of Rio. Mais de 300 atletas de 80 equipes esquadrinharão os cartões-postais cariocas nadando, pedalando, correndo e até voando. A cidade foi escolhida por oferecer condições geográficas perfeitas, das ruas estreitas do centro velho às trilhas fechadas da Floresta da Tijuca. “Isso possibilita ações inusitadas em pontos diversos”, explica Debora Pill, gerente de comunicação da Red Bull. Os brasileiros largam em vantagem, com 31 equipes, mas nada garante a vitória. “Vai ser duro porque cada país mandará o que tem de melhor”, diz o gaúcho Betinho Schmitz, oito vezes campeão brasileiro de vôo livre.

O número de jornalistas estrangeiros credenciados dá idéia da dimensão do evento: são 200, de 30 países. Além do ineditismo e do porte megalômano, a profusão de campeões e atletas olímpicos garante a audiência. Eles estarão superando limites do corpo e da natureza ao longo de 75 quilômetros, a partir  das 10 horas da manhã. O ponto de partida é Copacabana, com natação em 4,3 quilômetros de mar aberto até a Praia Vermelha. Após os primeiros 1.200 metros, os nadadores saem da água, correm 500 metros na pedra, saltam de um trampolim na praia do Leme e continuam.

Da praia Vermelha, o segundo atleta começa a pedalar com sua mountain bike a 40 quilômetros. O trajeto inclui a subida até o Cristo Redentor, a 710 metros de altitude. Do Corcovado ele segue pelo Parque Nacional da Tijuca e chega a Pedra Bonita. Será preciso carregar a bike nas costas escalando penhascos. “Nenhuma prova no mundo oferece riscos tão grandes”, afirma Amarildo Ferreira, 29 anos, tricampeão da Iron Biker, a maior prova da América Latina.

Assim que o segundo atleta da equipe chegar a Pedra Bonita, o terceiro saltará de asa-delta. O vôo, de dez quilômetros, contornará a estátua do Cristo, descendo na praia de Ipanema. A última modalidade é a corrida. O encarregado de cruzar a linha de chegada correrá na areia fofa em direção à avenida Niemeyer, contornará a Lagoa Rodrigo de Freitas, voltará para a areia e concluirá os 20 quilômetros da prova rumando do Leblon para o Hotel Copacabana Palace. O carioca Márcio Souza, 29 anos, vice-campeão do Campeonato Brasileiro Universitário de 2002, na modalidade corrida, está otimista. Ele confia na vantagem dos cariocas, por exemplo, sobre os atletas estrangeiros. “Os atletas de fora sofrerão com o calor”, espera.

Dois veteranos com a bandeira verde-amarela chamarão a atenção. O primeiro é Robson Caetano, bronze em Seul e Atlanta. Apesar de sua especialidade ser em corridas curtas, ele encara os 20 quilômetros com otimismo. “Estou estudando e me adaptando”, conta. A fera estrangeira mais esperada é o triatleta americano Tim DeBoom, duas vezes campeão do Iron Man – triatlo com as distâncias de 3,8 km de natação, 180 de ciclismo e uma maratona de 42 km de corrida – do Havaí. Na equipe da África do Sul, a estrela é Ryk Neethling, que ajudou a derrubar a supremacia americana na prova olímpica do 4x100m em Atenas e já chegou a outras quatro finais olímpicas. Na prova de mountain bike estarão nada menos que os dois melhores atletas de Atenas: o campeão Julien Absalon, da França, e o vice, José Antonio Hermida, espanhol.