08/07/2010 - 11:48
O grupo envolvido na suposta morte de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro do Flamengo Bruno Fernandes Souza, também pretendia matar o filho dela, um bebê de quatro meses. A afirmação foi feita nesta quinta-feira (8) pelo delegado-geral do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (Dihpp) de Minas Gerais, Edson Moreira.
A criança também teria sido levada para uma casa na cidade de Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte, onde a polícia acredita que Eliza tenha sido assassinada. O motivo pelo qual a criança teria sido poupada não foi informado.
Crime
A polícia concluiu nesta quinta o inquérito que indicia Bruno por sequestro. Segundo Moreira, o crime ocorreu no dia 9 de junho. Em seu sítio no município de Esmeraldas (MG), Bruno teria convencido Eliza a acompanhá-lo em seu EcoSport com o argumento de que a levaria até um apartamento alugado para a jovem. Além dos dois, embarcaram no veículo o filho de Eliza, o amigo de Bruno Luiz Henrique Runcão (conhecido como Macarrão) e o primo de Bruno, J., de 17 anos. Sérgio Rosa Sales Camilo, também primo do atleta, permaneceu no sítio.
O veículo teria seguido para a casa de Marcos Aparecido dos Santos, ex-policial civil, localizada na rua Araruama, no bairro Santa Clara, em Vespariano (MG), onde Eliza teria sido morta. Segundo as investigações, Bruno retornou sozinho ao sítio, carregando apenas a mala da ex-amante, que foi queimada em uma cisterna. Segundo Moreira, isso leva a crer que o atleta possa ter participado do assassinato de Eliza.
Marcos é considerado foragido da Justiça, segundo informação da Polícia Civil. O goleiro do Flamengo, Bruno Souza, apontado como mandante do crime, está preso no rio de Janeiro, junto com o amigo Macarrão.
De acordo com Moreira, a polícia chegou ao local do crime com base no depoimento do adolescente de 17 anos, apreendido na quarta-feira (7). Durante reunião entre o delegado-chefe do DIHPP, o chefe da delegacia de homicídios, Wagner Pinto, e outros policiais que fazem parte das investigações, o grupo concluiu que a depoimento do jovem era "70% a 80% verídico". "Identificamos que grande parte daquela versão apresentada pelo menor no Rio de Janeiro é verdadeira. A investigação está chegando ao fim", disse Moreira.
Policiais classificaram o relato do adolescente sobre a morte de Eliza como de "embrulhar o estômago". Segundo ele, a vítima foi ferida no carro, a caminho do sítio do goleiro. Lá teria ficado em cárcere privado por uma semana e Bruno teria dito a Macarrão e Sérgio para "resolverem o problema". Eliza então foi morta por estrangulamento por um homem identificado como Neném. Segundo J., na saída do local, ele jogou uma mão da estudante aos cachorros.
"Queremos esclarecer onde ele estava e com quem ele estava no sítio, além de saber se ele esteve com Eliza", afirmou a delegada da Delegacia de Homicídios mineira, Alessandra Wilke. Além de Macarrão e Bruno, foram presos Dayanne Souza, mulher do goleiro, e Sérgio Rosa Sales Camelo, primo.
Copa 2014
Depois de se entregar à polícia do Rio na quarta-feira (7), Bruno afirmou que a repercussão do escândalo em que se envolveu acabou com o seu sonho de disputar a Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil.
Em um vídeo divulgado pela TV Globo, na qual o jogador conversa com o amigo conhecido como Macarrão, na Polinter do Andaraí, no Rio, Bruno afirmou: "Agora eu acho que as coisas ficaram muito mais difíceis. No Brasil, para mim… se eu tinha esperança de disputar a Copa de 2014, acabou. Isso sou eu falando".
Transferência
A Justiça autorizou a transferência do atleta e de seu amigo para Minas Gerais. Os dois estavam no presídio Bangu 2, no Complexo Penitenciário de Gericinó, zona oeste do Rio de Janeiro, desde o início da tarde desta quinta-feira. Eles devem ser conduzidos ainda hoje para a Delegacia de Homicídios de Contagem (MG), que investiga o desaparecimento de Eliza Samudio, e, depois, para uma carceragem da Polícia Civil ou casa de custódia.
Guarda do bebê
Enquanto a polícia procura o corpo de Eliza, a mãe da jovem, Sônia Fátima Moura, conseguiu nesta quinta a guarda do neto que seria filho do goleiro Bruno. A decisão foi do juiz Guilherme César Cubas, da Vara de Família de Foz do Iguaçu, no Paraná. A informação foi passada pela advogada de Sônia Fátima Moura.
De acordo com a representante jurídica, ela e Sônia saíram de Belo Horizonte para buscar a criança no Paraná. A advogada disse que a informação sobre o processo por estupro de uma criança contra o pai de Eliza, que até então detinha a guarda do bebê, foram incorporados ao processo e fizeram parte da argumentação.
"Minha filha poderia ter feito o que fosse na vida, mas ela não merecia morrer desse jeito", afirmou a mãe da vítima, supostamente assassinada por um grupo de comparsas do goleiro suspenso pelo Flamengo.
Sérgio Barros da Silva, advogado do pai de Eliza, Luiz Carlos Samudio, confirmou a reversão da guarda e disse que vai analisar o processo. Eles ainda não decidiram se vão recorrer da decisão.
