Com o selo da produtora Pixar Animation Studios, os desenhos  da Walt Disney, que vinham perdendo espaço no gosto  de crianças e adultos, tornaram-se imbatíveis na guerra pelos mais sedutores efeitos gráficos. Ameaçada de perto pelo ogro verde da DreamWorks, no cômputo geral a bilheteria de filmes como Toy story (1995), Monstros S/A (2001) e Procurando Nemo (2003) se mantém no topo. E aí estacionará, se depender do faturamento de Os incríveis (The incredibles, Estados Uinidos, 2004), de Brad Bird, em cartaz nacional na sexta-feira 10, novo título da parceria vitoriosa que em três semanas de exibição nos Estados Unidos somou quase US$ 180 milhões, prometendo superar o sucesso de Procurando Nemo – a história do peixinho perdido arrecadou mais de US$ 800 milhões ao redor do mundo. Desta vez a grande aposta dos pioneiros da Pixar é o universo dos super-heróis. Trata-se da primeira vez que os estúdios contam uma aventura no mundo digital tendo seres humanos como personagens principais. Um desafio, pois neste caso se exige um esforço maior na realização de movimentos e expressões.

A graça de Os Incríveis, contudo, não se resume aos avanços da animação. Além de sua tecnologia de criação digital, o que cativa é o humor e a diversão presentes em seus personagens, como a charmosa estilista Edna Moda, inspirada na célebre figurinista Edith Head, cuja especialidade é desenhar modelitos para super-heróis. Entre eles, o clã dos Pêra, família de classe média suburbana, em tudo normal. O chefe da casa é o troncudo Beto Pêra (Bob Parr, na versão original), conhecido como Sr. Incrível. Com sua esposa, Helena, apelidada Mulher Elástica, ele leva uma vida agitada salvando vidas e combatendo o mal. Até que uma série de ações na Justiça o impede, com a família, de exercer os superpoderes.

Sem autorização para vestir as malhas vermelhas e vivendo a contragosto
sob proteção da polícia, eles são obrigados a se aposentar e viver o cotidiano comum. O que se revela uma tortura. Depois de alguns anos no anonimato, cuidando dos filhos Flecha, Violeta e Zezé, Beto não consegue disfarçar o descontentamento e a saudade de combater vilões. Preocupada com a integridade da família, Helena se mostra contra o retorno do marido às ruas. O que ela não sabe é que Beto recebeu uma estranha proposta, convocando-o para uma missão secreta numa desconhecida ilha, infestada de armadilhas. Junto ao enredo saboroso, a sucessão de cenários fantásticos e exuberantes, de atmosfera retro-futurista, se revela uma atração à parte.