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A possível libertação de 52 presos políticos de Cuba, anunciada pela Igreja Católica nesta quarta-feira (7), gerou reações de crença em uma nova era na ilha, mas também de desconfiança.

O chanceler espanhol, Miguel Angel Moratinos, se disse satisfeito pela decisão do governo cubano de Raúl Castro e afirmou que o ato "abre uma nova etapa" rumo a uma solução "definitiva" para o problema dos presos políticos em Cuba.

"Sentimos uma enorme satisfação. Abre-se uma nova etapa em Cuba, com o desejo de solucionar definitivamente a questão dos presos", disse o ministro espanhol, em Havana, em sua primeira manifestação pública ao anúncio das libertações, feito esta quarta-feira pela Igreja Católica cubana.

Descrença

Já o dissidente cubano Guillermo Fariñas afirmou que continuará em greve de fome até que pelo menos 12 dos 52 presos políticos estejam "na rua".

"Sempre disse que até não ser informado oficialmente da libertação dos 12 (…) não vou deixar a greve", disse Fariñas, que nesta quarta-feira cumpre 134 dias de jejum, durante conversa por telefone, transmitida no viva voz, com líderes das Damas de Branco, e acompanhada por jornalistas.

"Estou cético. Até que nossos irmãos estejam fora não confiamos nas autoridades", advertiu o dissidente, que iniciou o protesto no dia 24 de fevereiro, um dia depois da morte, depois de 85 dias de greve de fome, do preso opositor Orlando Zapata.

Outros opositores na ilha receberam o anúncio satisfeitos, mas igualmente céticos. "É algo inesperado", disse Laura Pollán, líder das Damas de Branco, uma organização que reúne familiares de presos políticos.

"Fiquei perplexa, esperávamos a libertação de 10, 12, até 15 presos, mas nunca um anúncio como o que foi feito. Só vou acreditar quando vir o último deles deixar a prisão", acrescentou.

Oscar Espinosa, um dos 75 libertados em 2004 por problemas de saúde, considerou a decisão do Governo de "ato de justiça" que "abre possibilidades a outras mudanças" em Cuba.

Para o ativista dissidente Elizardo Sánchez, no entanto, são 167 os presos políticos, e mesmo que esse número seja reduzido para 115 a cifra "não garante melhora na situação dos direitos humanos" na ilha.

Dissidentes cubanos que residem na Espanha se perguntavam se as libertações dariam passo a uma verdadeira transição na ilha.

Histórico

Os 52 dissidentes são presos remanescentes do "Grupo dos 75", opositores ao governo do então líder de Cuba, Fidel Castro, condenados em 2003 a penas de 6 a 28 anos. O anúncio da libertação foi feito durante encontro entre o presidente Raúl Castro, o cardeal Jaime Ortega e Moratinos, segundo comunicado do arcebispado de Havana.

O clamor pela libertação presos foi avivado com as críticas feitas na União Europeia (UE), Estados Unidos e outros países pela morte, em fevereiro, do preso opositor Orlando Zapata, depois de 85 dias de greve de fome, e o jejum de Fariñas.