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A ex-contadora de Liliane Bettencourt, herdeira do império dos cosméticos L’Oréal, afirmou que a campanha eleitoral do presidente francês Nicolas Sarkozy recebeu uma doação ilegal de 150.000 euros em dinheiro, em declarações publicadas nesta terça-feira em um site de notícias.
Pessoas ligadas a Sarkozy qualificaram imediatamente a acusação de "totalmente falsa".
A nova alegação é mais uma para a série de escândalos e polêmicas, que no domingo provocou a renúncia de dois ministros.
A contadora, identificada como Claire T. pelo site de notícias Mediapart, afirma que o atual ministro do Trabalho, Eric Woerth, recebeu a quantia quando era tesoureiro do partido UMP (direita, no poder) para financiar a campanha de Sarkozy em 2007.
Na entrevista, Claire T. também afirma que Sarkozy, quando era prefeito de de Neuilly-sur-Seine, um dos municipios mais ricos da França, ao oeste de Paris, de 1983 a 2002, era "um convidado habitual" da mesa dos Bettencourt e "também recebia sua parte".
"É totalmente falso", respondeu uma pessoa ligada a Sarkozy, entrevistada pela AFP.
"Tudo isto é falso", declarou o porta-voz do ministério do Trabalho.
Woerth está no centro de uma polêmica por ter sido ministro do Orçamento entre 2007 e 2010, período em que sua esposa administrava parte da fortuna de Liliane Bettencourt, a mulher mais rica da França, suspeita de fraude fiscal.
Claire T. trabalhou para a herdeira da L’Oreal durante 12 anos, até novembro de 2008.

Defesa

O presidente francês Nicolas Sarkozy denunciou "a calúnia que só visa denegrir", depois das acusações de que sua campanha presidencial de 2007 recebeu financiamento ilegal da herdeira do grupo L’Oréal através do atual ministro do Trabalho, Eric Woerth.
"Gostaria que o país se apaixonasse pelos grandes problemas atuais como a saúde, a organização da saúde, a aposentadoria, como criar crescimento, em vez de embalar-se com o horror da calúnia, que só tem um objetivo, denegrir sem nenhum apoio na realidade", declarou Sarkozy em uma mesa redonda sobre medicina nas proximidades de Brie-Comte-Robert, sul de Paris.
O presidente francês lamentou que atualmente "há mais interesse pela pessoa que cria um escândalo do que pela pessoa que cura, que trabalha ou que constroi".
Sarkozy saiu dessa forma mais ou menos velada da agitação causada pelas declarações feitas na véspera pela ex-contadora da herdeira do império de cosméticos L’Oréal e terceira fortuna da França, Liliane Bettencourt, sobre um possível financiamento ilícito da campanha presidencial de 2007.
A ex-contadora, identificada como Claire T., disse ao site Mediapart que o o gestor da multimilionária, Patrice de Maistre, teria repassado 150.000 euros em efetivo para a campanha presidencial de Sarkozy.
Woerth, então tesoureiro da União do Movimento Popular (UMP, direita) e da campanha de Sarkozy, foi ministro de Orçamento de 2007 até março de 2010, quando assumiu a pasta do Trabalho.
Pessoas ligadas ao presidente Sarkozy e a Woerth desmentiram estas acusações.
Eric Woerth também negou terminantemente ter recebido dinheiro ilegal de Bettencourt.
"Nunca recebi no plano político o mínimo euro que não fosse legal", afirmou Woerth na terça-feira.