Quase cinco anos depois da tragédia com o submarino nuclear russo Kursk, que afundou no mar de Barents matando 118 marinheiros, a outrora poderosa Marinha da Rússia está novamente às voltas com problemas nas profundezas marítimas. Na quinta-feira 4, um minissubmarino – conhecido tecnicamente como batíscafo AS-28 Priz –, com sete tripulantes a bordo, ficou preso a 190 metros (625 pés) de profundidade do mar na enseada de Beriozovaia, na península de Kamchatcka, no oceano Pacífico. O aparelho, integrante da Frota do Pacífico, ficou enroscado em redes de pesca que travaram seu sistema de propulsão. No dia seguinte, as informações sobre o tempo de oxigênio que ainda restava à tripulação eram contraditórias: o comandante da frota russa no Pacífico, almirante Viktor Fyodorov, afirmou que o ar duraria até segunda-feira 8, segundo a agência de notícias Interfax. Antes, contudo, o mesmo almirante havia dito a um canal de tevê que o tempo restante de oxigênio era “inferior a 24 horas”.

Autoridades em Moscou informaram que, em contato feito com os tripulantes, eles disseram que ninguém estava ferido. Dois navios da Marinha russa faziam varredura da área com redes, na expectativa de conseguir arrastar o submarino para a superfície. O AS-28, construído em 1989, tem 13,5 metros de comprimento e 5,7 metros de largura. De acordo com informações da Marinha, esse minissubmarino tem capacidade para três pessoas, e o fim rápido do oxigênio – previsto para durar inicialmente cinco dias – seria por causa do número superior de tripulantes.

Muito criticado por ter esperado dias antes de pedir socorro internacional no caso do Kursk, desta vez o governo do presidente Vladimir Putin agiu rápido: além de mobilizar suas próprias equipes de salvamento, apelou para os Estados Unidos e o Japão para ajudá-los no resgate, de acordo com o ministro das Relações Exteriores, Boris Malakhov. Segundo o jornal The New York Times, pelo menos um equipamento de resgate americano, baseado em San Diego, Califórnia, deverá ser usado para tentar salvar o minissubmarino russo. Trata-se de um veículo não-tripulado chamado Super Scorpio, que pode realizar missões até cinco mil pés (1.524 metros) e é equipado com poderosas luzes, sonares e câmeras de vídeo. O Super Scorpio deverá ser transportado num avião C-5 da Força Aérea Americana para a Rússia, onde será levado a um navio e descerá através de guindastes. O único problema da ajuda dos Estados Unidos é a distância entre o litoral americano do Pacífico e a enseada de Beriozovaia. Acredita-se que o transporte do Super Scorpio poderá levar até dois dias. “A situação é muito séria. Mas não perco a esperança”, diz o vice-almirante Evgueni Tchernov.