A versão dos empréstimos bancários,
montada pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio
Soares e pelo publicitário Marcos Valério
para justificar os saques milionários na
SMP&B e na DNA realizados por políticos
da base aliada, desmorona. Uma análise
contábil realizada por peritos do Ministério
Público nos extratos bancários mostra que
somente a título de empréstimos bancários
entraram R$ 210 milhões na conta da SMP&B no Banco Rural no período de 2000 a 2005. Desse montante, R$ 184,5 milhões justificados como empréstimos ocorreram durante o governo do presidente Lula. Outros R$ 18,5 milhões desses supostos empréstimos bancários foram contabilizados na conta da agência do publicitário durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.

A análise dos peritos foi encomendada pela procuradora da República no Distrito Federal Raquel Branquinho com base em informações enviadas pelo Banco Central à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios. Raquel faz parte de uma força-tarefa montada pelo procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, para acompanhar as CPIs dos Correios, do Bingo e do Mensalão.

As suspeitas dos investigadores são de que há indício de uma fraude contábil, montada com a conivência do banco mineiro, para justificar toda a dinheirama que aportava sem procedência justificada nas contas das empresas do publicitário. Além dos empréstimos bancários, R$ 20 milhões entram na conta da SMP&B sob justificativa de estornos. Para o Ministério Público, essas dúvidas somente poderão ser esclarecidas depois que o Banco Rural entregar as fitas magnéticas com detalhamento de suas operações. Os estudos do Ministério Público coincidem com as investigações dos membros da CPMI dos Correios, que começam a suspeitar também dos empréstimos.

“Em relatório encaminhado ao Ministério Público, Marcos Valério diz ter
contraído seis empréstimos que somariam R$ 55 milhões. Mas a CPMI já
localizou 12 empréstimos”, afirma o sub-relator da CPMI, deputado Gustavo
Fruet (PMDB-PR). Para Fruet, a contradição explica a demora do Banco Rural
em fornecer as fitas magnéticas com as transações bancárias que ajudarão a esclarecer a verdadeira origem das contas do publicitário que financiaram
políticos da base aliada do governo.

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