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FACA AFIADA
Roriz se prepara para pôr a campanha na rua e
aposta que pode vencer no primeiro turno

Ao rejeitar por 7 votos a 1 a intervenção na capital do País, o Supremo Tribunal Federal deixou nas mãos dos eleitores a responsabilidade pelo futuro de Brasília. Caberá ao povo, nas urnas, separar o joio do trigo e escolher o que for melhor para a cidade. Entretanto, a considerar as atuais pesquisas de opinião, não haverá mudanças mais profundas nos quadros políticos do DF. Ao contrário, tudo indica que Joaquim Roriz deu a volta por cima e poderá sentar na principal cadeira do Palácio Buriti pela quinta vez em sua longa vida política. Bateria, assim, o recorde que divide com Miguel Arraes, que foi quatro vezes governador de Pernambuco. No momento, Roriz (PSC e mais nove partidos) lidera as pesquisas com 42% dos votos contra apenas 22% do petista Agnelo Queiroz, ex-ministro do Esporte. “Vou ganhar no primeiro turno, pois as pesquisas são feitas por domicílio e não ouvem quem mora no entorno de Brasília. Lá tenho mais de 80% dos votos”, afirmou Roriz à ISTOÉ.

A própria oposição está conformada com a volta ao poder da velha raposa, de 72 anos e há mais de 40 na política. Sabe que, embora enfrente a rejeição da classe média que vive no Plano Piloto e nas casas dos Lagos Sul e Norte, Roriz é praticamente imbatível nas cidades-satélites que criou. “Brasília, este ano, viveu o pior escândalo de sua história. A população deveria aproveitar para fazer uma enorme limpeza na classe política do Distrito Federal”, afirma, resignado, o deputado distrital Antônio Reguffe (PDT), que se destacou nas denúncias ao governo Arruda. Nos meios políticos, comenta-se que o petista Agnelo Queiroz, após aliar-se ao PMDB, teria feito um acordo com Roriz, pelo qual serão evitados ataques pessoais na campanha.

Graças à trégua, Roriz está feliz da vida e prepara-se para pôr a campanha na rua com uma grande carreata no sábado 17. Nem mesmo eventuais pedidos de impugnação afetam sua confiança no quinto mandato. “Acusam-me de ter renunciado ao mandato de senador. Mas isso lá é crime?”, desafia Roriz, referindo-se ao rumoroso caso de um cheque no valor de R$ 2,2 milhões que recebeu do empresário Nenê Constantino, da companhia aérea Gol. O caso foi arquivado após sua renúncia e ele garante que, de resto, não há nenhuma pendência judicial que sustente um pedido de impugnação. Quanto ao seu oponente, Agnelo Queiroz, Roriz também não vê motivo para preocupação: “É um bom rapaz, tem boas qualidades, mas é um estranho para os eleitores de Brasília.” Como se vê, o coronel da política do Distrito Federal está de volta e com a faca mais afiada do que nunca.

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