Alguns amigos de Bruno acreditam que a infância de privações e abandono somada à fama e ao dinheiro mexeram com a cabeça do jogador. “O pessoal do Atlético chegou a contratar um psicólogo para ele”, conta o treinador Menezes. “Bruno sempre foi uma criança alegre, determinada, sorridente, generosa. Mas tinha o temperamento forte.” Para o psicanalista carioca Sócrates Nolasco, especialista em comportamento masculino e autor do best-seller “De Tarzan a Homer Simpson” sobre violência masculina, quem migra abruptamente de classe social baixa para a alta pode reagir de forma violenta contra as pessoas que ameacem o novo status. “Eles vivem em estado de combustão, como se pudessem perder tudo o que ganharam da mesma forma rápida”, explica. Nolasco enfatiza também a falta de estrutura para lidar com a fama: “Eles têm a sensação de que podem tudo, de que estão acima da lei. Por isso, é comum se envolverem em escândalos.”

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Para desvendar o mistério do sumiço de Eliza, a polícia tenta reconstituir os passos dela e de Bruno entre os dias 4 e 10 de junho. Eliza deixou o Rio com o filho no dia 4 rumo a Minas Gerais. Os registros de entrada do condomínio em Contagem mostram que o goleiro esteve no sítio entre os dias 6 e 10. Em depoimento à polícia, uma testemunha afirmou ter visto a jovem algumas vezes no local, no início de junho. Em uma das ocasiões, ela estaria usando short azul e blusa branca. “No momento, o que temos é um caso de desaparecimento, que pode evoluir para homicídio e, posteriormente, para ocultação de cadáver. Mas são apenas hipóteses, já que não encontramos nenhum corpo”, diz o delegado Wagner Pinto, chefe da Divisão de Crimes contra a Vida.

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A polícia realizou na semana passada buscas no sítio de Bruno e também em sua casa no Rio de Janeiro. Os investigadores encontraram vestígios de sangue humano no porta-malas e no console de uma Range Rover de Bruno que foi apreendida no dia 8 de junho, uma dia antes do último telefonema feito por Eliza, em uma blitz por estar com documentação irregular. O material está sob análise e o resultado deve ser conhecido em duas semanas. Mais de 20 pessoas foram ouvidas pela polícia mineira, que começou a investigar o caso a partir de uma denúncia anônima, feita no dia 24 de junho, de que Eliza teria sido espancada e morta por Bruno e dois amigos dele.

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NA MIRA
O sítio do atleta, um dos mais luxuosos
do condomínio: polícia investiga denúncia
de que Eliza teria sido agredida e morta no local

Luiz Carlos Samudio, pai de Eliza, não tem esperança de encontrá-la com vida. “Bruno planejou essa armadilha para cumprir a ameaça de matá-la”, acusa ele. O bebê foi encontrado pela polícia em uma casa da periferia de Contagem onde moram dois amigos do goleiro. Dayanne, que chegou ao sítio no dia 23 de junho, tomou conta da criança por alguns dias e depois a encaminhou para esta casa na periferia. Bruninho foi levado até o sítio por Luiz Henrique Romão, conhecido como Macarrão, que trabalha para Bruno. Macarrão sumiu e Dayane chegou a ser presa por “subtração de incapaz” e liberada a seguir por ser primária. Segundo ela, Eliza era “garota de programa” e abandonou o bebê. “Essa criança é fruto da traição de meu marido”, admitiu Dayanne em entrevista ao jornal “O Dia”. Para Samudio, a filha está sendo retratada como prostituta injustamente. “Eliza trabalhava como recepcionista em eventos e gostava de crianças, ajudou inclusive a cuidar de um dos seus três meio-irmãos”, disse. Agora, ele oferece recompensa de R$ 5 mil para quem der pistas que esclareçam o caso.

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PIVÔ
A dentista Ingrid Calheiros, também namorada de Bruno, teria
motivado Eliza a revelar a gravidez

As últimas pessoas a verem Eliza viva foram duas amigas do Rio, que dividem uma casa onde ela costumava se hospedar. “Quando ela disse que ia para Contagem encontrar o Bruno, pensei que estava brincando, não acreditei”, disse uma delas à ISTOÉ. “Eliza estava em minha casa quando Bruno chamou-a para um encontro, em outubro. Ela foi até o carro dele, que estava estacionado perto e sumiu. Somente no dia seguinte, me ligou dizendo que estava numa delegacia denunciando Bruno por sequestro e agressão.” Uma dessas amigas conheceu Eliza numa festa na casa do jogador Adriano. Igualmente bonitas e jovens, elas também já namoraram alguns jogadores de futebol e são amigas de outros.

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Diante do escândalo, Bruno, a princípio, se calou. Mas na manhã da quinta-feira 1º participou de um treino no Flamengo e deu uma entrevista coletiva. Aparentando tranquilidade, disse: “Torço para que ela possa aparecer, é constrangedor para mim e para a minha família. Quero que a gente possa voltar a conversar e ser feliz. Tá difícil…”, disse ele, que afirmou não ver Eliza há mais de dois meses. Sobre o aparecimento da criança em seu sítio, o atleta repassou a responsabilidade: “Quem trouxe (a criança) para mim foi o Macarrão. Ela deixou a criança com ele porque queria resolver uns problemas pessoais. Mas ele (Macarrão) pode responder melhor do que eu.” Até o fechamento desta edição, o paradeiro de Macarrão continuava ignorado. Por conta do escândalo, noticiado mundo afora, a presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, decidiu afastar Bruno. Em seu lugar, foi efetivado o reserva imediato, Marcelo Lomba. Por irônica coincidência, Lomba também anda às voltas com a Justiça por conta de uma agressão à estudante e ex-namorada Carolina Miranda.
 

Colaborou Eliane Lobato