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Se você já anda de bicicleta, não usa sacolas plásticas para carregar as compras e separa o lixo reciclável, pode provar para seus detratores – motoristas que lhe desejam a morte quando sua bike “atrapalha” o trânsito, por exemplo – que nem o fim de seus dias na Terra abalará sua convicção de que é possível salvar o planeta. Começa a crescer um movimento de empresas e ONGs para fazer funerais e enterros mais sustentáveis.

A preocupação tem fundamento. Cerca de 50 milhões de pessoas morrem todos os anos. É algo próximo de 1% da população. Segundo ambientalistas, só nos EUA, onde a conta já foi feita, estima-se que os cemitérios sejam responsáveis pelo consumo anual de 70 milhões de metros cúbicos de madeira, 104 mil toneladas de aço, 2,7 mil de cobre e bronze e 1,6 milhão de concreto. Exceto pelo cimento (usado nos túmulos), essas são as matérias-primas dos caixões mais populares.

É nesse segmento que se destacam as empresas mais populares dessa tendência. Quando morreu no último mês de maio, a atriz inglesa Lynn Redgrave teve seu corpo sepultado num caixão todo de bambu. Já o astro David Carradine, vilão de “Kill Bill”, também teve o mesmo destino em junho do ano passado. Ambas as urnas ecológicas eram da empresa americana Final Footprint. No Brasil, a Portes Trading garante estar pronta para comercializar a Biourna, um caixão feito totalmente de papelão. Embora não divulgue preços, o diretor-geral, Fernando Galante, afirma que o modelo não sai por mais de R$ 500. “É mais em conta do que o caixão mais barato vendido na cidade de São Paulo”, diz.

O primeiro enterro ecológico do Brasil foi realizado em junho de 2009, na cidade de Embu-Guaçu (SP). Graças à colaboração do fabricante nacional, o corpo de um indigente está sob sete palmos de terra e dentro de uma urna de papelão. O empresário Galante afirma que a garantia de que o caixão segue intacto é o fato de o solo sobre ele não ter cedido mais de um ano depois.

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BIOURNA
Caixão de papelão “made in Brazil”

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Para dar ao consumidor a garantia de que produtos como esse realmente são ecologicamente corretos, a ONG Green Burial Council emite um certificado que vem ganhando espaço no mercado. Segundo o diretor-executivo da organização, Joe Sehee, os consumidores que pagam por esse tipo de prática funerária não são apenas aqueles dotados de consciência ambiental, mas tradicionalistas religiosos que querem rituais mais parecidos com os do passado. Faz sentido. Na conta dos enterros modernos entram ainda os fluidos tóxicos usados no embalsamamento do corpo, os pesticidas aplicados para manter verde a grama do entorno do túmulo e a grande quantidade de mármore das tumbas.

Embora por aqui não haja notícia de cemitérios adaptados à nova realidade, nos EUA, 20 Estados já contam com a novidade. Em uma pesquisa realizada naquele país, 20% das pes­soas entrevistadas com mais de 50 anos consideram a possibilidade de aderir à causa após o último suspiro. Que descansem em paz.

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