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Repórter Fabiana Guedes conta histórias curiosas dos candidatos nanicos

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UNIDOS
Candidato do PHS, Oscar Silva convoca filha, mulher e filho para ajudar a conseguir votos

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Eles não movimentam multidões de cabos eleitorais, correligionários em profusão, batalhões de marqueteiros ou potentes equipes de propaganda. Os nanicos – candidatos de partidos pequenos que têm em comum o ódio por esta designação – contam com tempo de televisão reduzido, orçamento baixo e mais simpatizantes pessoais que militantes. Sonham em bolar um jargão do tipo “Meu nome é Enéas”, que tornou famoso o médico barbudo das eleições passadas. E, na falta de uma marca como esta, capaz de garantir-lhes expressão nacional, agitam mesmo as próprias famílias. Parente de nanico não descansa em época de eleição.

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ESQUERDA
Rui Costa Pimenta, do PCO, com o filho João Jorge

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Na luta por mais votos, os candidatos nanicos invariavelmente acabam dando trabalho a seus familiares. Julyane Helena Silva, 26 anos, estudante de publicidade, é um caso exemplar. A cada quatro anos, desde que nasceu, ela vê o pai disputando eleições – sem nunca ter ganhado nenhuma. Agora, prestes a se formar, é ela quem dá o tom da campanha de Oscar Silva, do PHS, emprestando seus conhecimentos publicitários à candidatura do pai à Presidência da República. Além de opinar sobre jingles, material impresso e propaganda na internet, ela tenta organizar, com o irmão, encontros com eleitores indecisos. “Participo só nos bastidores”, diz Oscar Silva Júnior, filho do candidato.

É até com certo orgulho que os nanicos revelam as contribuições valiosas que vêm de seus familiares. O já velho conhecido do eleitorado Levy Fidelix, que sempre tentou conquistar votos a bordo da ideia do aerotrem, tem o filho, Levy Fidelix Júnior, dando-lhe respaldo na assessoria de marketing. E a esposa, Aldineia, cuidando detalhadamente de sua imagem pessoal. Foi ela quem o ensinou a pintar o bigode, já grisalho por conta de seus 58 anos. “Como sou uma pessoa de espírito jovem, ela falou para que eu pintasse o bigode, e assim o fiz”, conta Fidelix. Em sua terceira campanha presidencial, ele diz acreditar que dessa vez pode vencer, pois se considera “o maior entre os menores”.

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DUPLA NO TRABALHO
Cláudia, companheira de Zé Maria, do PSTU, trocou o emprego pela campanha

Nem todos os nanicos acreditam estar efetivamente trabalhando para chegar à Presidência. Os candidatos da esquerda, em geral, encaram suas campanhas como “tarefa ideológica”. Mas nem por isso os parentes têm folga. Eles consideram a relação dos filhos com a política nada mais que “inexorável”. É o caso da filha do candidato Rui Costa Pimenta, do PCO, Natália, 25 anos. Estudante de letras na USP, desde os 17 anos ela “milita” com o pai no partido. Hoje, Natália integra a equipe responsável pela redação dos cinco jornais produzidos pelo PCO. Na universidade, faz parte da Juventude Revolucionária, que agita o movimento estudantil. Para ela, a militância é “natural”. Lembra-se até da eleição de 1989, quando tinha apenas 4 anos. “Nosso objetivo não é vencer, é apenas divulgar os ideais do partido e fortalecê-lo”, prega Natália. Disciplinada, ela considera que sua rotina de trabalho nem chega a mudar em razão da campanha. “Sempre trabalhamos muito na militância, isso não é de agora”, diz Pimenta. Destino familiar: um dos irmãos mais novos de Natália, João Jorge, 12 anos, também já gosta de discutir política e transita entre os militantes do PCO com a desenvoltura de quem se sente em casa.

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DE TINTURA NOVA 
A esposa de Levy Fidelix ensinou o candidato a pintar os bigodes para parecer mais moço

Numa linha aparentada com o PCO, o candidato Zé Maria, do PSTU – o homem do jargão “contra burguês, vote 16” –, está, aos 52 anos, na terceira campanha. Ele diz que, como nas vezes anteriores, conta apenas com “adesões voluntárias”. Um dos apoiadores mais entusiasmados é sua companheira, Cláudia Fragozo. Ela abandonou o emprego de coordenadora administrativa e financeira no Dieese para se dedicar integralmente à campanha. Gaúcha, Cláudia vem de uma família de ativistas e conheceu Zé Maria há dez anos. Desde então, desiludida com o PT, havia se afastado das atividades políticas. Agora achou que era momento de “voltar a lutar”. Aderiu ao PSTU, mas garante que não fez isto por culpa do namorado. “Finalmente achei um partido com o qual me identifiquei”, diz ela.


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