Comportamento

Seu filho pode ser um kaká?
Cientistas americanos recorrem a teste genético para avaliar o potencial esportivo em crianças

por Luciana Sgarbi
 

 

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Por US$ 149 os americanos já conseguem saber se seus filhos nasceram para correr, nadar, jogar basquete ou futebol. Esse é o preço do teste genético que dá aos cientistas a possibilidade de "lerem" o DNA da criança e saber se ela poderá, devidamente condicionada, desenvolver estrutura física compatível com atividades esportivas.

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No campo da psicologia infantil, os terapeutas estão sendo os primeiros a recomendar aos pais de seus pequenos pacientes a realização de tal teste. Motivo: há crianças cujo temperamento e potencialidade biológica (genética) passam longe do interesse pelo esporte e se tornam ansiosas quando seus familiares as forçam a isso e lhes cobram resultados.

No campo oposto, há gente que parece ter nascido para, por exemplo, olhar uma bola e sair fazendo embaixadas com ela. Agora se sabe no campo da ciência que esse "dom" existe mesmo. Isso não quer dizer que todo mundo que nasça com tal aptidão genética se tornará um Pelé, Kaká ou Cristiano Ronaldo.

Mas o teste atual aponta em quem se deve investir em formação. "O objetivo é identificar futuros campeões e escolher o melhor caminho para eles", diz Kevin Reilly, presidente da Atlas Sports Genetics, principal responsável pelos exames. Quanto mais cedo se começa a "trabalhar" um corpo, melhor será o desempenho num curto espaço de tempo.

Nos EUA e em alguns países da Europa, esse trabalho está agora tendo início com a coleta de amostras de células da parte interna da bochecha da criança. Essas células são enviadas a laboratórios que identificam o seu DNA. Luciana Sgarbi "Procuramos então pelo gene ACTN3", diz Reilly. "Há relação entre ele e a habilidade esportiva." O ACTN3 é responsável pela produção da proteína alfa-actinina-3, que contribui para os músculos gerarem contrações forçadas e repetidas.

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"Na estrutura desse gene é possível identificar se a criança teria mais habilidades em esportes de força, como o levantamento de peso, ou de resistência, como a maratona", diz Reilly. "Quando ocorre a combinação desse binômio, força e resistência, podemos estar diante de um futuro astro do futebol." Se a proteína alfa-actinina indica as chances de alguém se tornar um craque, ela também pode funcionar no monitoramento de treinamentos de gente consagrada – prevenindo exageros e equívocos.

Defende essa tese outro especialista em genética relacionada ao esporte, o pesquisador americano Alun Williams, da Universidade de Manchester. Ele pontua: "Houve um grave erro de supertreinamento no caso do jogador Ronaldo. Quando se tentou reverter esse quadro, já era tarde. Pode-se dizer que o ACTN3 de Ronaldo nunca foi levado a sério." Assim, o novo teste em questão servirá não somente para identificar o potencial esportivo de crianças, mas, também, a melhor forma de explorar em treinamentos esse potencial. "É importante desc o b r i r um grande atleta, mas igualmente relevante é saber prolongar a sua carreira de sucesso", diz Reilly.

 


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