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TEIMOSIA
Serra é apontado por aliados como o principal responsável por uma campanha sem resultados

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O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, iniciou o mês de junho vislumbrando um céu de brigadeiro no horizonte da corrida eleitoral. No início do mês, o tucano já constatava o crescimento da principal adversária, Dilma Rousseff, do PT, mas comemorava o fato de as pesquisas não creditarem a ele uma queda acentuada. Serra minimizava a dificuldade de escolher um vice e apostava nas alianças regionais e na superexposição que teve na tevê durante o mês para entrar em julho com pelo menos seis pontos percentuais à frente de Dilma. Nada deu certo. A última pesquisa CNI/Ibope, realizada depois dos programas nacionais do PSDB e do PTB, mostrou Dilma pela primeira vez numa segura liderança – 40% a 35% – com Serra em declínio e dono da maior rejeição entre os candidatos (30%). E a campanha do PSDB chega ao fim do mês numa situação completamente adversa, a ponto de tucanos emplumados questionarem a possibilidade de vitória de Dilma antes mesmo de a campanha ganhar as ruas. “Tenho sérias dúvidas sobre a possibilidade de Serra vencer. E olha que estou tentando ajudar”, disse o ex-presidente Fernando Henrique a interlocutores, durante tour pelo Exterior.

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O ESCOLHIDO
Tucanos indicam Álvaro Dias para vice e insistem em chapa pura

Diante do dilema sobre o que mudar e que discurso apresentar, na última semana os tucanos se trancaram no comitê de Serra em São Paulo. O próprio candidato cancelou compromissos e passou a maior parte do tempo no telefone. Concluiu que era preciso anunciar logo o nome do vice. Escolheram o senador Álvaro Dias, do Paraná, e conseguiram convencer aliados do PTB e do PPS de que essa seria a melhor chapa. Na tarde da sexta-feira 25, o senador Sérgio Guerra (PE), presidente nacional do partido, embarcou para o Rio de Janeiro com a missão de convencer o DEM a endossar o nome de Dias. A definição de um vice, no entanto, resolve apenas um dos problemas de Serra. Ouvidos por ISTOÉ, líderes do PSDB em diversos Estados avaliam que a atual estratégia de investir na comparação de biografias e não criticar diretamente o presidente Lula tem se revelado ineficaz. Também não tem dado resultado o plano de alianças regionais traçado pelos tucanos e começam a surgir problemas na formação de palanques. Para agravar ainda mais o quadro, nem os próprios tucanos sabem ao certo qual a equação necessária para fazer Serra voltar a crescer. “Precisamos refletir muito, fazer um ajuste fino e, a partir daí, pegar o touro à unha. Há muitas coisas que já poderiam estar mais avançadas”, afirmou Guerra em conversa com aliados na noite da quinta-feira 24.

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“Se quisermos vencer as eleições, precisamos ser mais agressivos”, sugere o deputado José Aníbal (PSDB-SP). O problema é que Serra resiste à idéia de atacar um presidente com a popularidade de Lula. “Quando a campanha começar, de fato, a população vai entender que Dilma é candidata fabricada e vamos vencer a eleição”, costuma dizer Serra toda vez que é abordado por um aliado mais ansioso. Mas os correligionários reclamam que, diante dessa convicção, Serra não reage com a velocidade que uma eleição tão disputada exige. “As respostas a determinadas questões deveriam ser mais rápidas”, disse à ISTOÉ um tucano integrante do alto comando da campanha.

A lentidão do tucano tem custado caro. Em Santa Catarina, o PMDB saiu na frente e com a atuação de Michel Temer lançou candidato próprio em uma disputa em que o PSDB tinha como certa a parceria dos peemedebistas. O mesmo pode ocorrer no Paraná, caso o PSDB demore em apontar oficialmente o senador Àlvaro Dias como candidato a vice. O senador Osmar Dias (PDT), irmão de Álvaro, quer disputar o governo do Estado e para tanto tem o apoio de Lula e Dilma. Só não entrará nessa disputa caso tenha Álvaro na chapa de Serra. “Os problemas nos palanques regionais e brigas internas no PSDB podem ter influenciado na queda do tucano”, avalia o cientista político da UnB David Fleischer. Hoje, de acordo com a CNI/Ibope, a região Sul é a única em que Serra mantém vantagem sobre Dilma. Com as novas composições, é provável que o PT ganhe terreno nessa seara.

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PACIENTE
Guerra diz que é preciso refletir antes de mudar o rumo da campanha

Os tucanos temem que se não houver uma rápida virada na campanha, colégios eleitorais importantes como São Paulo e Minas Gerais poderão complicar ainda mais o caminho de Serra. Pesquisas apontam que em São Paulo é grande o número de eleitores que votam em Dilma e em Geraldo Alckmin (PSDB). É também o caso de Minas, onde o voto Dilmasia (Dilma e Anastasia, o candidato de Aécio Neves ao governo estadual) ganha força.

Com o PSDB sem saber ao certo qual discurso apresentar, o PT aposta em vitória ainda no primeiro turno. “Vamos reforçar o trabalho e o esforço, porque a eleição é no dia 3 de outubro”, afirma Dilma. Para tentar terminar a eleição em 3 de outubro, o presidente Lula estará ainda mais presente na campanha nos próximos meses. Entre os petistas, começa a ganhar força a frase cunhada recentemente por um respeitado brazilianist: “José Serra foi o candidato da continuidade, no momento em que o País queria mudança. Agora é o candidato da mudança, quando tudo indica que o eleitor deseja a continuidade.”


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