Nas asas da Boeing

Na quarta-feira 4, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, recebeu Jim Albaugh, presidente da Boeing Integrated Defense Systems, que produz o caça F-18. A audiência é mais um capítulo na forte pressão americana para vencer a concorrência de renovação da frota da FAB. Os franceses Rafale, da Dassault, continuam favoritos, mas a Boeing avança na reta de chegada. Dizem que a transferência de tecnologia perdeu peso e a escolha saiu do terreno técnico. Será decidida nos canais diplomáticos. De um lado o carismático Barack Obama e a secretária Hillary Clinton, e do outro o presidente Nicolas Sarkozy, com sua charmosa Carla Bruni.

Calma, general

A campanha de militares da reserva contra a Estratégia Nacional de Defesa tem um patrono radical. Trata-se do comandante militar do Leste, Luiz Cesário da Silveira Filho, que transmite o cargo esta semana. Ele, simpático ao ideário da antiga linha dura do Exército, não se conforma com a subordinação ao poder civil.

Aulas no rio

A Marinha encomendou embarcações especiais para transportar professores e alunos nas cidades ribeirinhas da Amazônia – Programa Caminho da Escola. Como a segurança é prioritária, adotou-se o modelo catamarã, no tom amarelo.

A Igreja opina

No texto da Campanha da Fraternidade deste ano, a Igreja Católica ataca o foro privilegiado. Após lembrar que nas ciências jurídicas todos são iguais perante a lei, adverte que o foro especial "torna-se meio de burlar a Justiça e garantir a impunidade".

Toga de chuteiras

Juiz não pode participar de ONGs, ser diretor de faculdade particular ou participar de eleição para síndico de prédio. Mas, graças a uma resolução do CNJ aprovada esta semana, foram autorizados a ser conselheiros de clube de futebol.

Pesos diferentes

Alguns auxiliares do GDF foram voto vencido em relação à derrubada de casas em áreas irregulares de Brasília. Queriam incluir as invasões de empresários e políticos no Lago Sul, região nobre. Por enquanto, só serão punidas as invasões em áreas pobres.

Limpando a área

O novo presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), quer pôr em votação projeto que impede a candidatura de políticos condenados em qualquer instância. Os partidos que insistirem em conceder a legenda perderão verbas do fundo partidário e horário na tevê.

Quadro comunista

O ministro do Esporte, Orlando Silva, do PCdoB, será candidato nas eleições de 2010. Sonha em concorrer ao Senado pelo Rio, mas o mais garantido é que se lance a deputado federal por São Paulo.

Incentivo à ignorância

Líderes do MST em cidades gaúchas estão na mira do Ministério Público Estadual. Há suspeitas de que eles obrigam os pais a não levar seus filhos às escolas, com o objetivo de cooptá-los para o movimento. Em 14 dias, o procurador Gilberto Thums terá em mãos o levantamento da frequência escolar dos menores que vivem nos acampamentos. Os pais faltosos poderão responder a processo criminal por abandono intelectual, por deixar, sem justa causa, de prover instrução primária aos filhos. Se comprovado o envolvimento de líderes do MST, eles estarão sujeitos a pena de 30 dias de detenção, além das multas.

Briga de foice

Marco Audi, um dos sócios da VarigLog, não se conforma com a administração do chinês Lap Chan, do fundo Matlin Patterson. "Deixei o controle da empresa em fevereiro de 2008 com US$ 85 milhões em caixa e 25 aviões", diz. "Eles a levaram ao buraco, com uma dívida milionária e só três aviões." Audi pediu ao Ministério Público e à PF que investiguem as contas da empresa.

TOMA-LÁ-DÁ-CÁ

CÂNDIDO VACCAREZZA – líder do PT na Câmara.

ISTOÉ – O PT se sente traído com as composições no Congresso?

Vaccarezza – Não. Temos uma boa aliança, PT, PMDB, a base aliada.

ISTOÉ – O PT está enfraquecido para 2010?

Vaccarezza – A Dilma é a candidata que mais cresce. Acho que o quadro político é de fortalecimento da ministra Dilma para presidente.

ISTOÉ – Qual a estratégia daqui para a frente?

Vaccarezza – Vamos apoiar todas as propostas do governo para resolver a crise econômica. Assim, o Brasil sairá dessa crise melhor do que entrou.

RÁPIDAS
* Apesar da polêmica sobre o chamado AeroYeda, no núcleo estratégico do governo do Rio Grande do Sul a compra de um avião não é assunto encerrado. Existe uma comissão encarregada de elaborar um relatório de custos e benefícios. O trabalho será concluído até julho.
* Nesta terça-feira 10, o ministro Guido Mantega dá início a um exaustivo roteiro de viagem. Passa por Paris e segue para Londres, onde participa da reunião do G-20. No dia 16, vai a Nova York e depois para Washington, na comitiva do presidente Lula.
* A Polícia Federal está tentando identificar quem seria o funcionário da TAM que espalhou na internet um e-mail com denúncias pesadas, mas sem qualquer fundamento, contra o presidente da empresa, David Barioni.
* Leonel Brizola precisou de dois mandatos de quatro anos para realizar uma de suas obsessões: construir 500 Cieps no Rio. Será que o governo Lula conseguirá erguer um milhão de casas em apenas um ano e meio?
RETRATO FALADO

Decepcionado com os fatos nebulosos que envolvem a vida parlamentar no Brasil, o antropólogo Roberto DaMatta acha impossível abordar o tema em poucas palavras. Ele afirma que levaria no mínimo três meses para responder sobre os motivos do descrédito da classe política. E prefere não opinar sobre a polêmica em torno dos fichas-sujas. O TSE deveria proibir a candidatura desses políticos? "Pergunta ao Lula", desvencilha-se o renomado professor da PUC-Rio.

No lugar de Meirelles

É quase certo que o presidente do BC, Henrique Meirelles, deixará o cargo este ano para dar início à campanha ao governo de Goiás. Diante disso, crescem os rumores sobre os prováveis sucessores. Falou-se de Luciano Coutinho, presidente do BNDES, mas ele está empenhado nas políticas anticíclicas. Quem desponta, agora, é o diretor de normas do BC, Alexandre Tombini.

Missão diplomática

Diretor de relações internacionais do Senado, Pedro Luiz Rodrigues foi embaixador na Nigéria por dois anos e meio. Em sua gestão, as exportações brasileiras para o país africano subiram de US$ 400 milhões para US$ 1,5 bilhão. Não por acaso, José Sarney quer ampliar as atribuições do diplomata.