Com 1,33 m de altura e 36 quilos, a garota recifense de nove anos grávida de gêmeos se enquadrava em duas exigências legais para a prática de aborto: corria risco de vida e a gravidez, de 15 semanas, fora originada por um estupro (cometido pelo padrasto). Ainda assim, a Arquidiocese de Olinda e Recife tentou convencer a mãe da menina a não realizar o aborto – o pai biológico das crianças queria que a gravidez prosseguisse, mesmo sabendo que a menina corria risco de vida por não ter os órgãos ainda totalmente formados.

A mãe manteve a decisão, a lei foi cumprida e a gravidez foi interrompida na quarta-feira 4. A Igreja, então, resolveu excomungar a família da menina e todos os médicos que participaram da decisão de abortar. O padrasto estuprador não foi excomungado. O arcebispo dom José Cardoso Sobrinho (foto) tentou justificar: "Nenhum motivo pode justificar a morte de inocentes, mesmo que seja para salvar outra vida."A arquidiocese ainda pode apresentar ao Ministério Público denúncia de homicídio contra a mãe da menina.