22/06/2010 - 11:41
O presidente Lula anunciou a liberação de R$ 300 milhões para Alagoas e Pernambuco para o início das obras de reconstrução dos municípios atingidos. Ao menos R$ 100 milhões devem ser liberados imediatamente.
Um novo hospital de campanha está sendo instalado no município de Branquinha (AL), que vai disponibilizar dois oficiais médicos bombeiros, dois oficiais médicos policiais militares, quatro médicos e quatro enfermeiros de São Paulo. No local, serão feitos atendimento ambulatoriais, de urgência e emergência.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, cancelaram suas agendas e vão sobrevoar os Estados de Alagoas e Pernambuco, que também foi devastado pelas enchentes. Jobim deverá acompanhar as medidas emergenciais tomadas pelo governo federal e fazer um levantamento da logística de ajuda às famílias atingidas.
O ministro informou que a ajuda aos desabrigados será feita em duas frentes. A primeira, voltada à habitação, com barracas, comida, água potável e energia. A segunda, na área de saúde, com o envio de medicamentos e hospitais.
Também foi confirmado o adiantamento do Bolsa Família para as famílias atingidas, assim como mecanismos para facilitar linhas de crédito para pequenos e médios comerciantes vítimas das chuvas. Também foi anunciada a liberação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para 70% das pessoas que têm direito ao Fundo. Elas poderão sacar um valor máximo de R$ 4.650. Os demais 30% que têm direito ao FGTS vão poder sacar apenas valores menores.
Em Alagoas, o governador Teotônio Vilela Filho (PSDB), decretou estado de calamidade pública no Estado, após algumas cidades registrarem as maiores chuvas em quatro décadas. As vítimas das enchentes em Alagoas vão receber emergencialmente R$ 25 milhões em ajuda para a compra de mantimentos, remédios e auxílios emergenciais, de acordo com a Agência Alagoas, órgão de notícias do governo do Estado.
Dois dias após a chuva que devastou 21 cidades, Alagoas procura por 607desaparecidos (números de terça-feira). Alguns locais foram destruídos pela força das águas das chuvas e da correnteza dos rios. De acordo com a Secretaria de Estado da Defesa Social, ao todo, 177.282 pessoas foram afetadas. Destas, 26.141 estão desabrigadas – aquelas que perderam tudo e precisam dos abrigos públicos – e 47.687, desalojadas – as que podem contar com a ajuda de vizinhos e familiares. Ao menos 29 pessoas morreram.
Na Zona da Mata de Alagoas, União dos Palmares, Branquinha, Murici, São José da Laje e Santana do Mundaú foram invadidas pela enxurrada, provocada pelo rompimento da Barragem de Bom Conselho (PE), que fez transbordar o Rio Mundaú. Várias pessoas foram arrastadas pelas águas – 500 pessoas estão desaparecidas só em União dos Palmares. Em Branquinha, nenhum prédio público ficou de pé. Na Grande Maceió, a cidade de Rio Largo, cortada pelo Mundaú, foi uma das mais atingidas. Três mil casas foram completamente destruídas pela enchente. Há 30 desaparecidos e 15 mil desabrigados.
Pernambuco
Do total de municípios afetados, dez estão em situação de calamidade pública e outros 13, em estado de emergência. Até agora foram contabilizados oficialmente 12 mortes e ainda não há um número oficial de desaparecidos.
Em Barreiros, ao sul da Zona da Mata Pernambucana, mesmo com a trégua da chuva, as águas ainda não baixaram totalmente e muitos moradores se encontram isolados ou em cima de telhados. Palmares, também na Zona da Mata, ficou sem acesso. Duas pontes caíram e a BR-101 foi interditada na altura da cidade. No balanço geral, Pernambuco tem 1,4 mil km de estradas e 69 pontes destruídas, em 49 municípios afetados.
Segundo dados de terça-feira (22/06) da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), 44 cidades foram prejudicadas pelas chuvas. As equipes de manutenção da empresa já conseguiram restabelecer o abastecimento em 12 delas, de acordo o diretor de Operações da Compesa, Roberto Tavares. Outras 12 estão com fornecimento parcial de água e 20 continuam sem água.
A previsão é a de que nos próximos três dias 80% do abastecimento seja restabelecido, segundo Tavares. "Em algumas cidades só poderemos ter noção dos danos causados pelas chuvas depois que as águas baixarem", explicou. Na região metropolitana do Recife, os sistemas que tiveram problemas nos equipamentos devido às chuvas já foram restabelecidos.
De acordo com a Compesa, as cidades que estão em situação mais difícil são Correntes, onde as águas do rio levaram parte da adutora que estava acoplada a uma ponte, e Barreiros, onde a Estação Elevatória foi totalmente invadida pelas águas e as bombas foram afetadas. A empresa prevê um prejuízo de R$ 4,5 milhões com conserto de tubulações, substituição de material para restabelecer o abastecimento e atendimento emergencial por carros-pipa.
Entre os municípios afetados estão Sairé, Salgadinho, Santa Maria do Cambucá, São Joaquim do Monte, Vertentes do Lério, Vertentes, Correntes, Altinho, Ibirajuba, Cupira, Lagoa dos Gatos, Angelim, Belém de Maria, Cachoeirinha, São Benedito do Sul, Tacaimbó, Barreiros, Sirinhaém, Primavera, Escada, Aliança, Bezerros, Chã Grande, Frei Miguelinho, Santa Cruz do Capibaribe, Toritama, Águas Belas, Garanhuns, Ribeirão, Nazaré da Mata e Machados.
Doações
Foi lançada em Pernambuco uma campanha de arrecadação de donativos. Em Recife, o Comando Geral da Polícia Militar (PM), no Derby, e o Quartel Central do Corpo de Bombeiros, na Avenida João de Barros, são os principais pontos de arrecadação. Porém todas as unidades desses órgãos também estão recebendo os donativos. Poderão ser doados alimentos não perecíveis, roupas, agasalhos, materiais de higiene e limpeza e água.
Para as pessoas que desejarem contribuir em dinheiro, estão disponíveis duas contas: Banco do Brasil – Agência 3557-2 – Conta Corrente 5241-8 e Caixa Econômica Federal – Agência 2735 – Conta Corrente 955-6 – Operação 006.
Por meio da assessoria do Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil solicita que as doações devem ser focados em alimentos de pronto consumo (enlatados e embutidos) e água potável, assim como cobertores, roupas, e medicamentos (anti-inflamatório, antibiótico, antitérmico e analgésicos). Os postos de arrecadação de donativos são todos os grupamentos do Corpo de Bombeiros da capital e interior de Alagoas.
Aeronáutica
A aeronave da Aeronáutica, que saiu do Rio de Janeiro levando donativos, como alimentos, remédios e colchões, para as vítimas das enchentes em Alagoas, chegou na manhã de hoje ao Estado. As famílias desabrigadas e desalojadas dos 15 municípios alagoanos que estão em estado de calamidade pública já começaram a receber os gêneros alimentícios, segundo a Agência Alagoas, órgão de notícias do governo.
Entre as doações de São Paulo e Rio Grande do Sul, a aeronave Boeing 707 da Força Aérea Brasileira (FAB) transportou 100 colchões, 100 unidades de cloreto de sódio 20%, 600 máscaras descartáveis e uma quantidade menor de luvas cirúrgicas, algodão, glicose, paracetamol, dipirona e outros remédios.
O Boeing levou ainda para as vítimas 12 sacas de feijão (cada uma com 50 quilos); 125 sacas de arroz (cada uma com 30 quilos); 25 caixas de óleo de soja (cada uma com 20 unidades); 40 sacos grandes de leite em pó (cada um com 14 sacos pequenos), 317 cestas básicas e 16 fardos de açúcar (cada um com 30 sacos).
Dois helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB) e um da Marinha estão levando as doações para os municípios. Segundo a Agência Alagoas, Santana do Mundaú e São José da Laje foram um dos primeiros a serem beneficiados com a entrega dos produtos.
Os helicópteros que também são usados para a ajuda das vítimas já transportaram, nestes três últimos dias, em média 3,5 toneladas de mantimentos, entre água e medicamentos. As aeronaves da FAB também efetuaram o traslado de 23 médicos e enfermeiros.
Previsão de mais chuvas
A quarta-feira também será um dia de chuva na região. No leste entre o Rio Grande do Norte e nordeste de Alagoas, o tempo fica instável, com aberturas de sol e chuva a qualquer hora. O dia fica nublado no sudeste da Bahia. No noroeste do Maranhão, norte do Piauí e do Ceará, o sol aparece entre nuvens e com possibilidade de pancadas de chuva.